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Exclusão digital 
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Domenico di Masi comenta que as pessoas não são treinadas para o ócio, para o tempo livre. O interessante artigo Juventude digital publicado no segundo caderno de 23/10 do Estadão diz que jovens vêem TV por falta do que fazer. 

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Segundo o texto, uma pesquisa aponta que 70% dos espectadores entre 12 e 20 anos ligam a TV sem ter feito uma escolha prévia de programa, numa espécie de uso pobre da mídia. 

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Deles, apenas 29% dizem ver TV para informar-se; dentre os demais, 31% por falta do que fazer, 23% para se divertir, 12% para relaxar e 4% para não pensar nos problemas. 

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Num mundo que prega a pró-atividade, assistir programas por inércia, de forma reativa, certamente que não contribui para o desenvolvimento dos valores necessários ao ambiente do futuro. Até mesmo o entretenimento pressupõe uma escolha prévia. O risco é esse jovem se habituar à existência de cobranças externas para suas decisões.
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Perguntados sobre o que fariam caso lhes faltasse a TV por uma semana, 36% responderam que sairiam com os amigos, 23% estudariam, 17% escutariam rádio ou CD, 8% jogariam videogame, 8% trabalhariam, 3% leriam revistas ou jornais e 2% navegariam na Internet. Suas respostas mostram que vêem alternativas à TV, mas só as utilizam em caso de indisponibilidade do veículo.
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Por outro lado, o maior acesso à informação entre os jovens das classes A e B (são mais críticos em relação à TV e utilizam a Internet com mais freqüência) provoca um preocupante e crescente desnível em relação àqueles das classes C e D que estão cada vez mais ligados à TV – situação que pode ser descrita como de exclusão digital. 

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Entre os educadores existe bastante preocupação com este fenômeno, principalmente se considerando que a TV é a principal fonte de informação das classes C e D entre jovens de 12 a 14 anos. Como é logo após a infância que os valores dos indivíduos começam a ser formados, seria fundamental que a informação recebida durante essa fase fosse de grande qualidade. 

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Como dependentes da TV, os sonhos de jovens da 8ª série se restringem, entre as meninas, a serem atrizes de TV e, entre os meninos, a jogadores de futebol. Pelas chances nesses campos, seus prognósticos para o futuro são bastante negativos.

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Sérgio Duarte Velasco 
Vice-Presidente do Instituto MVC

 

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