Só
tem emprego quem sabe ler as cartas do mercado
Por
Sandra Boccia, de São Paulo
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Ter
um MBA não basta. Falar inglês também não é suficiente. Entender
como ninguém os consumidores do seu país tampouco conta pontos
decisivos. A alardeada "empregabilidade",
um palavrão que nunca esteve tão em voga como agora, passa por uma
revolução na qual essas habilidades tornaram-se tão básicas aos
executivos como o número do telefone no currículo.
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Não
fosse assim e as corporações não estariam hoje com mais de 4,5 milhões
de postos de trabalho vagos, em nível sênior, e à procura de talentos
para preenchê-los. Foi nesse tom aparentemente amargo que o presidente
da Genesis Consulting, Ulisses Zago, falou sobre as tendências de
emprego no mercado global a um seleto grupo de recrutadores ontem, na Câmara
Americana de Comércio (Amcham), em São Paulo.
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O discurso só desce com sabor acre, no entanto, na garganta de
profissionais que não estão assimilando as novas tendências que
despontam neste milênio. A saber:
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Velocidade
de raciocínio e análise crítica (nem sempre aprendida nos MBAs);
-
Capacidade
de interagir e fechar negócios com diferentes culturas (daí a
importância de outros idiomas);
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E
colocar-se como um profissional global, não circunscrito às
fronteiras mercadológicas do seu próprio país (o conceito de
'empresa local' desapareceu do mapa).
Tudo
isso permeado por um profundo senso ético e altas doses de motivação.
"As
empresas não querem mais contratar empregados, mas empresários",
sentencia Zago.
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O mercado pôs novas cartas na mesa da empregabilidade e cabe aos
interessados saber lê-las. Uma vez empresário, o candidato a emprego
deve apresentar os atributos inerentes à profissão, a exemplo de uma
boa base de contabilidade e finanças, espírito de liderança e domínio
do trabalho em equipe.
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Saber
onde buscar quadros e como gerenciar pessoas entram na lista do que
passa a ser pré-requisito básico. Isso explicaria, ao menos em parte,
a crescente valorização de profissionais com formação em engenharia,
economia e ciências da computação, e a menor presença de
administradores de empresas nos cargos de chefia.