É
POSSÍVEL VENDER PARA POBRES NA INTERNET?
SR.
PROF. Dailton Felipini
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Dias
atrás a revista Istoé-dinheiro,
publicou interessante reportagem sobre o potencial de consumo das
classes de renda mais baixa no Brasil. A reportagem partia de estudos
que apontavam que as classes “C”
“D” e “E”
representam 72%
dos lares e a sua capacidade de compra é estimada em 372,5
bilhões de reais. Muito
mais do que dispõe as classes:
-
“A”
(212.8 bilhões)
-
“B”
(301,5 bilhões)
Apesar
desse fato, boa parte das empresas durante muito tempo torceu o nariz
para esse público, preferindo se limitar ao competitivo mercado
composto pela ponta da pirâmide social.
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Obviamente
não todas, porque organizações como grupo Silvio Santos e Casas Bahia
sempre souberam ganhar dinheiro nesse mercado.
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Mas
a reportagem mostra que a visão está mudando e que agora, muitas
empresas estão voltando os olhos para o público de baixa renda e cita
vários exemplos de grandes corporações como:
-
Restaurantes
"Mcdonalds" que constrói quiosques de sorvetes na favela
da Rocinha;
-
Cosméticos
"Avon" que abaixa o preço de seus produtos e vende tanto
para a patroa quanto para a empregada doméstica.
-
Industria
de eletrodomésticos "Multibrás" que desenvolveu um novo
modelo de lavadora mais econômica visando exclusivamente a classe
“C”.
A
estratégia faz sentido, afinal, parodiando a música do "Milton
Nascimento", “toda empresa tem que ir onde o povo está”.
Mas a questão que vem a mente é a seguinte:
-
será
que essa estratégia poderia também ser aplicada na Internet?
-
Ou
seja, pode-se tentar atingir o público de baixa renda através do
canal de comercialização Internet?
Uma
comparação entre o perfil do brasileiro e do o comprador on-line vai
possibilitar uma resposta mais conclusiva. A última pesquisa nacional
de domicílios do IBGE “PNDA”
com dados de 2002, mostra que nada menos que 54%
dos domicílios tem renda abaixo de 720 Reais, já no caso do
e-consumidor, dados da empresa e-Bit mostram que apenas 6%
dos consumidores on-line ganha menos do que 1.000
Reais por mês.
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Se
quisermos ver por outro ângulo, a diferença continua gritante: - 43%
dos e-consumidores ganha mais do que 3.000 Reais por mês, renda que é
atingida por pouco mais de 2,5%
dos
domicílios brasileiros.
É quase que uma realidade invertida, "uma
suíça incrustada na índia".
É importante ressaltar que estamos comparando a população brasileira
com os consumidores on-line, a parcela mais elitizada dos internautas e
que representa pouco mais de 10%
desta.
.
A conclusão que pode ser extraída desses números, no que se
refere ao e-commerce, é que a Internet funciona como uma grande peneira
retendo apenas o público de maior renda. O que significa que a Internet
é o canal ideal para se buscar aqueles consumidores de maior poder
aquisitivo e, pelo menos no horizonte de curto prazo, os produtos
consumidos majoritariamente pelas classes mais baixas dificilmente terão
sucesso através desse canal. Devemos fazer a ressalva que a tendência
ao longo do tempo é uma maior penetração da Internet junto a essas
classes, o que deverá aproximar o perfil do consumidor on-line do
consumidor tradicional. Embora, quase que certamente, eles nunca serão
semelhantes.
SR.
PROF. Dailton Felipini
Consultor
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Mestre
em Administração pela Fundação Getúlio
Vargas.
Professor
de Gestão de Empresas Ponto-com na Universidade Ibirapuera
Editor
dos sites: www.e-commerce.org.br
e www.abc-commerce.com.br