Cuidado
com o chefe
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Além
de treinada, a criatividade também pode ser “cultivada”
pelas empresas. Especialmente quando há um ambiente favorável ao
florescimento das idéias. A influência do local de trabalho costuma
ser decisiva para a inspiração. Não é à toa que as companhias mais
arrojadas redesenham escritórios e até os seus modelos de gestão para
acomodar processos sistemáticos de inovação.
As
empresas já perceberam que deixam muitas idéias boas e lucrativas
pelo caminho, ilustra o economista Paulo Benetti, um dos mais
respeitados especialistas brasileiros no assunto.
O
problema é comum nas organizações de hierarquia mais rígida. Segundo
Benetti, os chefes inflexíveis podem até abafar o potencial inovador
de seus funcionários. “Ter
idéias é uma forma de poder. O chefe logo percebe quando um funcionário
começa a inventar coisas diferentes. E aí fica com medo de perder o
cargo, de ser passado para trás etc. Na verdade, os chefes não gostam
da criatividade”.
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O ponto levantado por Benetti engloba uma reivindicação antiga
dos especialistas em inovação: - "a
de banir todos os cargos de chefia pelo menos nos momentos em que a
equipe tenta bolar produtos ou soluções inéditas, como em uma reunião
de brainstorming".
A precaução é importante para que os funcionários possam sugerir idéias
em profusão e sem constrangimentos.
Não
se pode esquecer de que o processo criativo sempre envolve um alto grau
de risco. Qualquer insight está sujeito a um belo fracasso”,
explica John Osborn, presidente da Creative Education Foundation, uma
das mais tradicionais instituições norte-americanas de estudos sobre a
criatividade.
É
por isso que supervisores não são bem-vindos nas atividades que exigem
inspiração. A presença deles intimida e, geralmente, encurta os vôos
intelectuais dos subordinados. “Ninguém
quer ser responsável por algo que pode dar errado, ainda mais quando o
chefe está por perto”,
comenta Osborn.