Varejo
no Brasil tem menor índice de concentração da América Latina
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Claudia
Facchini De São Paulo - valoronline
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O
índice de concentração no varejo de alimentos brasileiro ainda é
muito baixo se comparado a outros países da América Latina. No Chile,
Argentina e México, as três maiores redes já controlam 50% do
mercado. No Brasil, as três maiores cadeias - CBD (ou grupo Pão de Açúcar),
Carrefour e Bompreço/Wal-Mart possuem juntas 33,4% do mercado. No México,
as três maiores já possuem 70% do varejo.
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No Cone Sul, o grupo chileno Cencosud desponta como um forte
concorrente regional. No ano passado, a varejista, dona dos
hipermercados Jumbo, comprou os ativos do Royal Ahold no Chile, a
bandeira Santa Isabel, e também adquiriu mais uma rede local menor, a
Las Brisas.
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Com as aquisições, a Cencosud elevou sua participação de
10,2% para 21,4% no varejo chileno. A líder no país, a D&S, já
possui 30,7% do mercado. Com isso, as duas concorrentes juntas passaram
a controlar 52% das vendas.
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A D&S, porém, também partiu para o ataque. A varejista
adquiriu os negócios do Carrefour no Chile, por 100 milhões de euros,
em janeiro deste ano e aprovou um aumento de capital de 285 milhões.
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A Cencosud acaba de realizar uma oferta pública de ações, na
qual levantou US$ 330 milhões, para financiar sua expansão para a
Argentina. O grupo chileno pretende comprar a Disco, que, assim como
todos os ativos do Royal Ahold na América do Sul, também está à
venda. Uma analista de investimentos, que acompanha companhias de varejo
latino-americanas, descarta, porém, que a Cencosud tencione vir para o
Brasil. "Por que ela viria? No Brasil, ela teria de investir muito
para ter uma participação pequena", afirma.
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Caso não compre a Disco, a Cencosud irá investir no próprio
mercado chileno, na expansão da sua rede no país. Mas, se arrematar a
varejista argentina, que possui 17,6% do mercado, a Cencosud passará a
ser a segunda maior varejista de alimentos do país vizinho. Na
Argentina, o Carrefour mantém-se na liderança, com 27,9% de participação.
Em terceiro está a rede local Coto, com uma fatia de 14,2% das vendas.
O Wal-Mart ainda possui uma presença tímida no mercado argentino, com
apenas 5,2%.
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No México, ao contrário, o Wal-Mart vem conseguindo passar o
seu rolo compressor sobre o mercado. Hoje, o mercado mexicano é, com
folga, o que apresenta o maior índice de concentração na América
Latina. A Walmex, a subsidiária mexicana do grupo, elevou sua participação
de 39,6% em 2001 para 43,5% em 2003, segundo informações de analistas
de investimentos. A participação do Walmex, no México, equivale
sozinha à soma das participações das nove maiores redes do varejo
brasileiro.
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A segunda colocada no ranking mexicano, a Soriana, conseguiu
manter sua fatia em 12,9% nos últimos três anos. Quem perdeu foram as
redes locais, como a Comerci, cuja participação encolheu de 14,8% em
2001 para 12,6% em 2003, e a Gigante, cuja fatia caiu de 13,3% para
11,2% no período.
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O Carrefour ainda é inexpressivo no México, onde enfrenta uma
dura resistência do seu rival americano. A multinacional francesa, que
está em quinto lugar no ranking local, manteve nos últimos três anos
uma participação estável, entre 3,8% e 3,9%.
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Neste ano, o Wal-Mart elegeu o Brasil como seu novo alvo na América
Latina. A gigante do varejo americano fez a sua primeira aquisição no
mercado brasileiro em março, quando comprou o Bompreço, líder na região
Nordeste, por US$ 300 milhões. Com isso, o grupo saltou da sexta para a
terceira posição no varejo de alimentos nacional, elevando sua
participação de parcos 2,2% para 6,1%.
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No entanto, ainda é pouco se comparado à sua esmagadora presença
no México. Mesmo com o Bompreço, o Wal-Mart ainda terá no Brasil a
metade do tamanho do Carrefour ou da CBD.
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Para analistas, o baixo índice de concentração no Brasil
mostra que há espaço para aquisições. Diante das adversidades econômicas,
algumas redes também começam a a jogar a toalha, sem fôlego para
continuar. A Sendas, líder no Rio de Janeiro, associou-se ao Pão de Açúcar.
O grupo português Sonae, terceiro colocado no Brasil, é visto como um
candidato a sair do país, seguindo o exemplo do Ahold.