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Há que se procurar um
amante
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sala dos
artigos de reflexão
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Muitas pessoas têm um
amante e outras quisessem tê-lo. E também estão as que não o têm, ou as
que o tinham e o perderam. E são geralmente estas duas últimas, as que
vêm a meu consultório para dizer-me que estão tristes ou que têm
diferentes sintomas como insônia, falta de vontade, pessimismo, crise de
pranto ou as mais diversas dores
(artigo:
As quatro formas de se
comer a vida).
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Contam-me que suas vidas
decorrem de maneira monótona e sem expectativas, que trabalham nada mais
que para subsistir e que não sabem em que ocupar seu tempo livre. Em
fim, palavras mais, palavras menos, estão verdadeiramente
desesperançadas. Antes de contar-me isto já tinham visitado outros
consultórios nos quais receberam a condolência de um diagnóstico seguro:
Depressão e a
infaltável receita do remédio antidepressivo. Então, depois que as
escuto atenciosamente, digo-lhes que não precisam um antidepressivo;
que o que realmente precisam, é um amante! É incrível ver a
expressão de seus olhos quando recebem meu aconselhamento.
Estão as que pensam: como
é possível que um profissional se despache alegremente com uma sugestão
tão pouco científica? E também estão as que escandalizadas se despedem e
não voltam nunca mais. Às que decidem ficar e não correm espantadas pelo
conselho, dou-lhes a seguinte definição:
Amante é o que nos
apaixona. O que ocupa nosso pensamento antes de adormecermos e é
também quem as vezes, não nos deixa dormir. Nosso amante é o que nos
torna distraídos frente ao meio. O que nos deixa saber que a vida
tem motivação e sentido.
Às vezes o nosso amante o
encontramos em nosso parceiro, em outros casos em alguém que não é nosso
parceiro, também costumamos achá-lo na investigação científica, na
literatura, na música, na política, no esporte, no trabalho quando é
vocacional, na necessidade de transcender espiritualmente, na amizade,
na boa mesa, no estudo, ou no obsessivo prazer de um hobby.
Em fim, é alguém ou algo
que nos põe de namoro com a vida e nos aparta do triste destino de durar
(artigo:
as Sete Leis espirituais).
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E que é durar?:
durar é ter
medo a viver. É dedicar-se a espionar como vivem os demais, é
tomar-se a pressão, a perambular por consultórios médicos, tomar
remédios multicolores, afastar-se dos prazeres e alegrias, observar
com decepção cada nova ruga que nos devolve o espelho, cuidar-nos do
frio, do calor, da umidade, do sol e da chuva.
Durar, é postergar a possibilidade de desfrutar hoje, esgrimindo o
incerto e frágil raciocínio de que talvez possamos fazê-lo amanhã.
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Por favor não te
empenhes em durar, procura-te um amante, se também um amante e um
protagonista... da vida. Pensa que o trágico não é morrer, afinal de
contas a morte tem boa memória e nunca se esqueceu de ninguém. O
trágico, é não se animar a viver; enquanto e sem duvidar, procura-te
um amante... A psicologia depois de estudar muito sobre o tema
descobriu algo transcendental: para estarmos contentes, ativos e
sentir-nos felizes, há que estar de namoro com a vida
(artigo:
Posso fazê-lo melhor!).
Dr. JORGE BUCAY
PHD em psiquiatria
analítica
universidade DE
MIAMI - usa
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artigo
recomendado:
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Como ser feliz em Vendas
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