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as quatro formas de se comer a vida...

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sala dos artigos de reflexões

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Simplificar a vida é necessário; é bom fazer menos e ter mais tempo. A felicidade não a dá o dinheiro, mas o tempo disponível para realmente estar com os próprios e no próprio. Muitas pessoas perderam o norte numa sociedade que cultiva o desejo, essa sensação insaciável no ser humano, desejo que não conhece a realização e que sempre deseja mais, tornamo-nos pessoas sem instintos e com mais impulsos desorganizados do que outra coisa.

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A seguir destacamos a analogia do hambúrguer, para que cada um pense qual é a de seu gosto:

Quando comemos um hambúrguer com muita gordura, sabemos que a longo prazo isso não nos fará felizes, mas no momento sim. Ou seja, benefício presente contra prejuízo futuro. Esta é a hambúrguer hedonista (Wikipédia). Esta atitude repetida durante a vida forma pessoas hedonistas, aqueles que só procuram o prazer imediato, ainda que sacrifiquem seu benefício futuro.
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A segunda é o hambúrguer vegetariano. O que sacrifica o sabor e o prazer imediato porque está concentrado em seu bem futuro. Poderia parecer o tipo mais sensato, mas não, é o “mais feliz que pode ser”, porque no fundo o passa mal toda a vida, subordinando constantemente o presente por um futuro que não sabe se vai chegar. Não desfruta o que está fazendo. Passa-o mal para, depois, passá-lo bem. É o protótipo mais perigoso, porque encontra grande aprovação social: sacrifica sua vida por uma grande meta. Confunde-se com o arquétipo exitoso, os pares o felicitam porque conseguiu seu objetivo e ninguém pergunta como o passou no processo. A sociedade premia os resultados, não os processos; as chegadas e não a viagem. Quando atingimos o objetivo e chegamos à meta experimentamos um alívio que confundimos com felicidade.
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E o alívio, é uma felicidade negativa pois provem da ausência de stress, dor ou ansiedade, pressupõe uma experiência negativa anterior e, ademais, é temporária e seu efeito dura pouco. Ao confundir alívio com felicidade, contínua inventando-se objetivos pelos quais lutar, crendo que quando os consiga poderá ser feliz de novo. Isto é como meter a cabeça na pia e estar feliz porque ao sacá-la pode respirar de novo... Quando sentem que não chega a felicidade que esperavam pensam que chegará na próxima promoção, com a próxima compra, no próximo triunfo. E a felicidade está bem mais determinada por nosso estado mental que por nossa conta bancária ou nossas ascensões no escritório. Está extensivamente demonstrado que uma vez que as necessidades de abrigo, teto e comida estão satisfeitas, o dinheiro adicional não faz diferença nos níveis de felicidade de ninguém.
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O pior hambúrguer é a do nihilista (Wikipédia), o que crê que a vida não faz sentido, que a felicidade não existe. Vítima do abandono aprendido, num laboratório o nihilista é a cobaia que já não anda porque sabe que igual vai tomar um choque elétrico e crê que nada pode fazer ao respeito. O nihilista se come um hambúrguer mau, queixa-se pela comida má e ainda por cima sabe que lhe fará péssimo no futuro; mas pensa que nestes tempos não há alternativa: prejuízo presente e futuro.
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Por último, há um quarto hambúrguer, com equilibrado sabor e nem por isso menos delicioso, mas são para o presente e sem prejuízos para ou futuro: o arquétipo da felicidade. Um hambúrguer que trouxesse benefícios à pessoa que o come agora e depois. Este bocado representaria o modelo da felicidade, àquela pessoa que consegue desfrutar das atividades que realiza no presente, as que, ademais, lhe trarão benefícios no futuro. Mas este hambúrguer não evita nem os fracassos nem as dores, e também as renúncias, só que propõe que isso pode trazer um benefício a futuro.

A felicidade é um estado formado por duas emoções primordiais: o prazer imediato e a noção de significado ou transcendência. Uma vida feliz se compõe de atividades que complementam estas coisas e outras que as combinam. É verdade, há atividades inevitáveis que não nos darão nem prazer nem significado, como pagar os impostos, mas há muitas outras, como assistir insatisfeito três horas de TV, que sim podemos evitar. Portanto, para ser mais felizes há que aumentar as horas que passamos em aquilo que nos dá prazer ou significado, e diminuir as outras. A tarefa é fazê-lo. Arrisque, pois o momento seguinte não é uma certeza. Então, por que importar-se com ele? Por que preocupar-se? Viva, viva com prazer. Viva sem medo, viva sem culpa. Viva sem nenhum medo do inferno e sem ansiar o céu. Simplesmente viva.
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Tal Ben Shahar, é o professor de um dos cursos mais famoso da Univ. de Harvard: "Psicologia positiva". Recentemente escreveu o artigo no que usa o hambúrguer para fazer uma analogia sobre as quatro maneiras em que podemos nos comer a vida... Antes de converter-se em psicólogo e guia da felicidade, Ben-Shahar sofria de uma constante insatisfação com sua vida. Nesses anos estudava Ciências da Computação em Harvard, era um atleta que ganhava prêmios, tinha amigos e uma noiva. Mas era infeliz. Não tinha uma razão real que eu pudesse entender. Pensava: quando entres a uma boa universidade, serás feliz. E cheguei a uma boa universidade e fui feliz por um mês e depois retrocedi. Depois me disse quando ganhe o campeonato de squash, e ganhava o campeonato e era feliz por um mês. Quando tenha uma noiva, pensava, e tinha uma maravilhosa noiva que me fazia feliz por um mês e depois retrocedia a como me sentia antes. O tempo todo pensava que a próxima coisa me faria feliz, mas isso nunca ocorria. Entendi que algo andava errado não com minha vida vista desde fora, senão desde dentro.
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Deixou as ciências da computação e começou a estudar filosofia e psicologia, especificamente a psicologia positiva. Etudou-a por dez anos: recém então soube que lhe ocorria... Entendi que o sucesso externo tem muito pouco que ver com a felicidade no curto prazo, porque rapidamente voltamos a sentir-nos como nos sentíamos antes. E o dinheiro, por exemplo, faz a diferença? Alguma gente crê que se ganha a loteria serão felizes pelo resto de suas vidas, mas há estudos que indicam que os faz felizes por cerca de três meses. Para gente que não tem dinheiro para comida, que não tem casa, que não tem para uma educação mínima, ganhar mais dinheiro influi em sua felicidade. Mas quando temos cobertas nossas necessidades básicas, o dinheiro adicional contribui muito pouco. A pergunta é: que nos faz felizes?
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Só os psicopatas e os mortos, são os que não experimentam emoções dolorosas e de felicidade. Todos os demais seres humanos temos condições de sentir-nos infelizes e felizes. Todos podemos ser mais felizes do que somos, além da genética e as condições sociais. Uma vida feliz não está no nível máximo o tempo todo. Há que aceitar os altos e baixos como parte da vida do ser humano. A felicidade é uma combinação entre significado e prazer. Se trabalho em algo que é significativo para mim, se sinto que é importante, se acredito que faz a diferença, e se ademais desfruto do meu trabalho e experimento prazer, então, meu trabalho me entrega felicidade. Se o que fazemos é só significativo ou só prazenteiro, aquilo não é suficiente para sustentar a felicidade. É impossível experimentar significado e prazer o tempo todo, mas se o experimentas a maior parte do tempo, é uma relação feliz...

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