Inovação Tecnológica, Eficiência de Escala e Exportações Brasileiras
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Estudo inédito do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
- Ipea, de autoria de
João Alberto De Negri e de
Fernando
Freitas, é revelador de quanto o Brasil pode se beneficiar de investimentos em inovação tecnológica. O documento
Inovação Tecnológica, Eficiência de Escala e Exportações Brasileiras mostra que as empresas que investem no desenvolvimento de mudanças inovadoras têm 16% mais chance de serem exportadoras do que aquelas que se acomodam tecnologicamente.
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Melhor que isso, o estudo mostra que a solução para nossa inserção comercial internacional está aqui em casa, no Brasil, e não no exterior. Baseados na pesquisa,
De Negri e Freitas simularam quantas empresas deveriam entrar no mercado internacional para que o país conseguisse o mesmo resultado que seria alcançado com a eliminação das barreiras tarifárias dos Estados Unidos e da Europa aos produtos brasileiros.
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Segundo levantamento de 2003 feito por De Negri, Jorge Arbache e Maria Luísa Falcão
Silva, as exportações para os norte-americanos cresceriam US$ 699 milhões com essa eventual gentileza dos vizinhos do andar de cima. Para a Europa, segundo análise similar feita por
De Negri e Arbache, venderíamos US$ 691 milhões a mais.
No estudo do
Ipea, os pesquisadores mostram que a inovação pode substituir esse ganho sem necessidade de uma revolução nas indústrias brasileiras. Eles estimam que, em média, um aumento de 20% na eficiência de escala
(resultado da inovação) e de um ano na escolaridade da
mão de obra levam a empresa a faturar US$ 559 mil
(R$ 1,6 milhão) com vendas externas em um ano. Esses dados consideram uma empresa que hoje não exporta, ou seja, que ainda tem que passar por todas as barreiras para desbravar novos mercados.
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Concluem
De Negri e
Freitas, se 2.488 empresas brasileiras inovassem e partissem para as exportações, o ganho seria equivalente aos US$ 1,39 bilhão que viriam da eliminação das tarifas dos
EUA e da Europa. Mas é muito difícil que 2.488 empresas nacionais passem a exportar, pensaria o leitor. Nem tanto, se considerarmos que seria um incremento de apenas 14% no número de indústrias que já vendem ao exterior, de aproximadamente 18 mil.
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É absolutamente factível e depende de decisões políticas domésticas’’, argumentam os estudiosos. ‘‘Menos factível, entretanto, é acreditar na eliminação completa das barreiras tarifárias para os mercados dos Estados Unidos e Europa’’, completam no texto.
Eles têm razão. Inovação é um desafio que os empresários brasileiros, em geral, ainda não superaram. Os investimentos em pesquisa e desenvolvimento
são estimados pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia em 1% do
PIB em 2000, último dado disponível. O setor público foi responsável por 0,58% do PIB e as empresas, por 0,42%. Por outro lado, a rede de financiamento para formação de mestres e doutores brasileiros
(CNPq , Capes e Fapesp) forma 7 mil doutores por ano. Na maioria, porém, eles vão buscar colocação no setor público ou são
‘‘importados’’ por países desenvolvidos. Alguns, com muita fé e vontade, até criam empresas próprias para desenvolver suas pesquisas.