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Propaganda na TV pode induzir à obesidade infantil
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Estudo realizado em 2004 na disciplina de Nutrologia, ligada ao Departamento de Pediatria da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) realizou pesquisa em 2004 avaliando o conteúdo das propagandas veiculadas nos intervalos de alguns programas infantis de televisão e constatou que:

para cada 10 minutos de propaganda, 1 minuto tem objetivo de promover o consumo de produtos alimentícios, contribuindo para gerar hábitos nem sempre saudáveis.

Segundo a nutricionista responsável pelo estudo, Paula Morcelli de Castro, todos os comerciais analisados eram de produtos com alto conteúdo de gordura saturada e açúcar refinado.

Isso indica que as crianças são estimuladas a consumir quase diariamente comidas muito calóricas e pouco nutritivas.

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A nossa preocupação é de que esse hábito continue na adolescência e na idade adulta, levando à obesidade”, afirma a nutricionista e pesquisadora Paula morcelli de castro.

Para chegar a essas conclusões, a pesquisadora Paula Morcelli de Castro gravou durante dez horas a programação infantil de duas das maiores emissoras do país, nos horários das 8h às 10h e das 10h às 12h, no mês de julho (2003), em que há férias escolares e, portanto, as crianças ficam mais expostas à TV.

A idéia do projeto era verificar a quantidade dos anúncios, o perfil dos produtos e a quantidade dos anúncios, pois estudo da Organização Mundial de Saúde apontou que apenas 30 segundos de propaganda já são suficientes para exercer forte influência sobre as crianças. No estudo brasileiro, dos 600 minutos gravados, 5 minutos e 3 segundos foram gastos com a venda de produtos alimentícios.

Segundo a pesquisadora Paula Morcelli de Castro, o consumo das guloseimas é facilitado tanto pelo preço (de marcas secundárias e terciárias), quanto pela variedade e disponibilidade no mercado. A pesquisadora reconhece que para os pais de hoje também é mais fácil dar um pacote de salgadinhos e uma lata de refrigerante do que cozinhar para seu filho.

A praticidade e rapidez é tentadora. Além disso, tem a questão do carinho. A criança pede e será atendida pelo seu pai imediatamente, explica a nutricionista.

Outro estudo da Unifesp, concluído em 2003, identificou que bolacha recheada e salgadinhos já são sinônimo de refeição para os pequenos estudantes. O trabalho de mestrado da nutricionista Gabriela Halpern partiu da gravação de um mês de propaganda nas três maiores emissoras de televisão do país

  • 37% faziam referência a bolachas, doces e balas e de entrevistas com 235 alunos (com 8 anos de idade, em média) de escolas das rede pública e privada.

A conclusão foi preocupante:

apenas 9% das crianças identificaram seu lanche com o produto da televisão, porém todos os alimentos anunciados na programação infantil foram consumidos no lanche escolar ou solicitados de alguma forma aos pais durante o período da pesquisa.

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O trabalho também mostrou que, entre os alunos de classe média da escola particular, a dupla favorita salgadinho e bolacha com recheio poderia ser encontrada em 50% das lancheiras.

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Já os alunos da rede pública, embora consumissem a merenda oferecida pela escola, freqüentemente pediam aos pais para serem levados a restaurantes do tipo fast food (comida rápida).

O que não pode acontecer é a substituição da refeição por esses alimentos, ressalta o chefe da disciplina de Nutrição e Metabolismo, José Augusto Taddei, destacando a importância de se ter em casa um hábito alimentar estabelecido pelos pais para que as crianças comam guloseimas só de vez em quando.

Na opinião dos nutricionistas, a solução para o problema passa por uma regulamentação mais adequada das propagandas por parte do poder público e da conscientização das agências e profissionais. “Seria interessante que as agências de publicidade consultassem um profissional antes de criar uma campanha. Faltam informações nutricionais e as pessoas não sabem o que estão comprando, conclui Taddei.

Enquanto isto não acontece, Taddei aconselha que os pais fiquem atentos ao consumo exagerado de alimentos gordurosos e calóricos por seus filhos. Se este for o caso, a sugestão é de tentar convencê-los a trocar, em um primeiro momento, salgadinhos, bolachas e refrigerantes pelas versões diet ou light desses produtos, que não contêm açúcares e gorduras.

Essa importante troca pode acontecer de forma menos traumática. Depois, aos poucos, os pais vão diminuindo essa oferta, explica.

Pesquisadores criam jogo para ensinar a comer:

O jogo Prato Feito foi desenvolvido pela disciplina de Nutrologia ligada ao Departamento de Pediatria da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) em conjunto com uma empresa fabricante de brinquedos para ensinar crianças acima de sete anos como fazer uma alimentação equilibrada e montar refeições diversificadas e apetitosas.

Brincando com os grupo alimentares (energéticos, reguladores e construtores) a criança aprende a identificar os nutrientes de cada alimento e substituí-los por outros que tenham a mesma propriedade nutricional. Podem participar de duas a quatro pessoas e vence o jogo o participante que montar primeiro o seu prato com itens de todos os grupos da pirâmide e completar o caminho do tabuleiro.

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