Crowdsourcing:
rompendo os dogmas da inovação corporativa
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sala dos artigos de
estratégias
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A sabedoria corporativa
convencional sustenta que a inovação deve surgir dos centros de I + D.
No entanto, organizações como P&G, SAP e Novartis estão indo aos milhões
de pessoas que navegam na web para resolver problemas e desenvolver
produtos. As regras corporativas definem alguns dogmas sobre a forma de
dirigir um negócio. A sabedoria convencional explica que as empresas
devem inovar, diferenciar-se e competir, que devem contratar e reter às
"melhores pessoas" para gerar novas idéias, fazer novas descobertas e
ampliar suas linhas de negócios
(artigo:
public relations - o quê
sua empresa faz realmente?).
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Os dogmas também sustentam
que as organizações devem escutar a seus clientes, proteger ferozmente
sua propriedade intelectual, pensar globalmente mas atuar localmente e,
por último, executar bem a estratégia mediante adequados processos de
controle de gestão. E, no entanto, algumas coisas parecem estar mudando:
uns anos atrás, a mineradora canadense Goldcorp (GG) estava à beira da
ruína, assediada pelas greves, fortemente endividada, com um mercado em
contração e altíssimos custos de produção. Segundo os analistas,
Goldcorp tinha os dias contados. Seu CEO, Rob McEwen, precisava um
milagre
(artigo:
Jogos de guerra - uma
estratégia de sobrevivência).
Frustrado porque seus
geólogos eram incapazes de estimar com precisão o valor e a
localização de novos depósitos de ouro, McEwen tomou uma decisão
inédita: publicou na web os dados geológicos de suas jazidas de Rede
Lake e desafiou ao mundo a fazer a prospecção. O Goldcorp Challenge
premiaria com 575 mil dólares aos analistas que apresentassem as
melhores estimações. A notícia se estendeu rapidamente pela web.
Mais de mil participantes
de 50 países aceitaram o desafio. Os analistas estavam desconcertados.
Efetivamente, a regra número um do negócio de mineração e petróleo
sustentava que jamais deviam divulgar-se os dados de exploração. Mas os
resultados da iniciativa derrubaram aquele velho dogma. O Goldcorp
Challenge identificou mais de 100 depósitos objetivos na zona de Rede
Lake. Destes, mais de 80% arrojaram quantidades de ouro que geraram
rendimentos por três bilhões de dólares à companhia. Assim, depois de
estar praticamente à beira da quebra, Goldcorp se converteu num gigante
de nove bilhões de dólares. Cem dólares investidos na empresa em 1993 se
teriam convertido em 3000 de hoje. Tudo isto, graças a um investimento
de meio milhão de dólares, o desafio de um velho dogma e uma irrupção no
mundo do crowdsourcing
(artigo:
como proteger a empresa
dos ataques da concorrência).
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Que é o crowdsourcing?:
Crowdsourcing é um termo cunhado pelo escritor Jeff Howe e o editor
Mark Robinson da revista tecnológica
Wired. Bem como no outsourcing
(terceirização), os trabalhos são enviados a empresas externas para
reduzir custos em mercados mais baratos, como Índia ou China, o
crowdsourcing propõe problemas e recompensas a quem ou quem os
solucionem. Crowd é o termo em inglês de "multidão" e "sourcing" se
refere à obtenção de matéria prima. Jeff Howe, explicava na revista
Wired: o crowdsourcing representa o ato de uma companhia de tomar
uma função que alguma vez pôde ser realizada pelos funcionários e
outsourcea-la a uma rede (geralmente grande e não definida) de
pessoas na forma de um chamado ou desafio aberto a mudança de uma
recompensa
(artigo:
O Japão que sabe dizer Não).
O CEO de Google,
Eric Schmidt, menciona no livro de Dom Tapscott, Wikinomics (uma
obra de referência quanto à colaboração das massas na era da web
2.0): "a produção entre iguais (referindo-se ao crowdsourcing) é
mais que se sentar e ter uma boa conversa
(artigo:
As 10 regras de
ouro de Google).
Trata-se de aproveitar
um novo modo de produção para levar a inovação e a criação de
riqueza a novos níveis. E, em seu livro, Tapscott cita o exemplo de
InnoCentive,
nascida em 2005 como um "spin-off" (nova empresa para pesquisa) do
gigante farmacêutico
Eli Lilly.
InnoCentive tem um objetivo claro, que é conectar às organizações (seekers
- procuradores) com problemas (challenges - desafios) com pessoas de
todo mundo (solvers - solucionadores) que cobram uma recompensa em
dinheiro se o mesmo é resolvido. InnoCentive cobra pelo contato
entre as partes e também uma percentagem do prêmio dos desafios
resolvidos. Neste lugar, propõem problemas organizações da talha de
Boeing, Dow Chemical, DuPont, Procter & Gamble, Novartis e SAP
(artigo:
para
aprender a voar, 1º aprenda a caminhar).
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Colgate-Palmolive precisava
uma solução colaborativa para embalar pasta de dentes:
o gigante de consumo em massa, Colgate-Palmolive, precisava um
método mais eficaz para embalar sua pasta de dentes. enquanto
parecia um problema simples, a equipe de "I+D" era incapaz de
resolvê-lo. Assim, a empresa enviou as especificações de seu
problema a InnoCentive. Um engenheiro canadense, propôs pôr uma
carga positiva sobre o flúor em pó e, a seguir, o tubo a negativo
(terra). Uma aplicação efetiva da física elementar que nenhum membro
da equipe de químicos tinha contemplado em Colgate-Palmolive. Por
sua solução, o engenheiro recebeu 25 mil dólares de recompensa
(artigo:
erros e acertos na
inovação de produtos).
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O futuro do crowdsourcing,
para uma rede global de intercâmbio de problemas e soluções?:
neste ponto,
propõe-se um interrogante: por que empresas de grande tradição de
inovação interna como P&G ou Dupont está procurando soluções
externas?; Por que, de repente, parecem insuficientes os centos ou
milhares de pesquisadores do staff? Frente à realidade da
concorrência e a acelerada dinâmica inovadora em diversos mercados,
muitas companhias estão descobrindo que lhes resulta impossível
manter-se ao dia sobre a base de capacidades internas unicamente
(artigo:
Sete passos para
desenvolver um COMERCIAL Business Case).
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Precisamente, o
crowdsourcing resolve a brecha entre uma feroz concorrência de
negócio e a capacidade naturalmente limitada de inovar ou resolver
problemas das companhias. Se as massas podem produzir em forma
colaborativa um sistema operativo (Linux), uma enciclopédia (Wikipedia,
ou resolver variados e complexos problemas de indústria (InnoCentive),
um deve considerar cuidadosamente o que possa vir depois. Se poderia
argumentar que estamos frente ao nascimento de uma nova economia,
uma vasta rede mundial de produtores especializados focalizados no
intercâmbio de soluções e serviços
(artigo:
pay for performance:
ganhar bônus é questão de sorte?).
A lição para os
dirigentes empresariais é que os antigos dogmas e modelos
monolíticos multinacionais onde se cria valor num circuito
fechado hierárquico estão mortos. Aquelas empresas com
fronteiras abertas e porosas que possam chegar a cooperar e
aproveitar recursos que antes eram zelosamente guardados por
fora de seus muros estarão melhor preparadas para ganhar.
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MSC. Martín Méndez
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GTE de Infra-estrutura Aplicativa
Petrobras Energía S.A
mmendezb@gmail.com -
http://mimundodigital.wordpress.com
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engenheiro eletrônico,
trabalha no área de IT de uma multinacional de Energia, óleo e
gás em latino América, liderando a equipe responsável pela
manutenção aplicativa da companhia. por 8 anos esteve envolvido
em avaliar, desenvolver e levar adiante projetos de Tecnologia,
definir estratégias tecnológicas e implementar algumas delas.
Máster EM DIREÇÃO Estratégica E Tecnológica.
artigo recomendado:
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Nada se cria, nada se inventa, tudo se
registra...
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