Frank Mcnamara e o primeiro cartão de credito
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Tudo
começou no ano de 1949. Tínhamos
convidado com minha esposa uns clientes para jantar no restaurante
"Major's Cabin Grill",
recomendação de um amigo para minha estadia
em Nova York. Marcamos o horário e passamos no hotel para
tomar banho, troca de terno e roupas.
Não consigo me lembrar do sabor da comida
dessa noite apenas consigo sentir o sabor do pânico. Tomei um dos
maiores sustos da vida, quase enfartei de pânico, depois de pedir
discretamente ao garçom para preparar a conta.
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Fiz questão de me antecipar aos meus clientes e me levantei
para pagar, já colocando mão no paletó para pegar a carteira. Quem
diz que tinha esquecido no outro paletó que tirei no hotel antes de
tomar banho, está com toda a razão.
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Olhei para minha mulher com mais
vergonha da que cabia na minha cara para que me desse o conforto de
que tinha dinheiro e graças a deus tinha
dinheiro na bolsa e passamos sem maiores estragos e sem
constrangimentos diante dos nossos clientes.
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Foi
uma lição e tanto e por muitos dias não consegui esquecer do fato,
devido ao medo de ter acontecido sem que minha mulher estivesse por perto
e com dinheiro na bolsa. Senti muita raiva que uma pessoa não pudesse
demonstrar que era financeiramente idônea mesmo que estivesse sem
dinheiro.
Na
volta da viagem, Frank Mcnamara comentou o episódio com seu advogado Ralph Schneider
e trocaram experiências sobre o acontecido, e propuseram-se a fundar um clube de comensais que lhes
permitisse jantar sem precisar de dinheiro no ato, mediante alguma fórmula que pudessem demonstrar sua idoneidade financeira,
mediante a apresentação do nome apenas.
A idéia foi colocada em prática e fundaram o
clube dos comensais em fevereiro de 1950 e convidaram 200 amigos e conhecidos
para fazerem parte desse seleto clube, onde apenas os mais prudentes financeiramente
se integravam. Vinte e sete restaurantes foram convidados para a
confraria do "clube dos comensais".
Assim
que Frank e Ralph souberam que na cidade de Los Angeles, Alfred Bloomingdale
mantinha também uma
organização similar com o nome de "Dine and sign"
(jante e
assine), convidaram-se para umas reuniões onde ficou estabelecido que
iriam juntar os esforços e iriam montar um projeto muito mais extenso
e não tão somente para jantares, mas incluiriam compras em lojas,
viagens, hotéis, etc., e foi assim que fundaram o:
"The
Diners Club Inc." (O Clube dos comensais). Em 1952, o cartão já
era aceito em milhares de comércios que apreciavam o poder de compra
dos portadores adinheirados do "Diners Club ou Clube dos
Comensais".
O cartão se transformou num ícone cultural e o
marketing bem gerido tomou conta do projeto, quando Danny Kaye, famoso
ator de Hollywood, começou a estrelar a propaganda.
A
idéia que não era totalmente nova, já que os postos de
gasolina antes do Diners Club, já utilizavam este formato de
pagamento, mas não tinham apontado para o verdadeiro potencial do
dinheiro de plástico. Rapidamente ganhou as fronteiras e no ano de
1952 era o primeiro cartão de crédito internacional a ser lançado,
com as aberturas das franquias em Canadá, França e Cuba. O cartão
Diners no ano de 1955 já tinha aceitação em todas as linhas áreas
domésticas dos EUA.
Antes de que outras empresas se dessem conta do
nascimento do dinheiro plástico, Diners Club já estava em 6.500.000
milhões de estabelecimentos e em mais de 20 países. - Com base neste
conceito, no ano de 1958,
o Bank of America lançava o primeiro cartão de crédito bancário: -
BankAmericard.
Seguiram-se outros Bancos que lançariam, pela mesma altura, os cartões American Express e Carte Blanche, sendo já possível usufruir de uma linha de crédito permanente e renovável.
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Em 1965, o mundo dos cartões bancários começava a tomar forma e, enquanto o Bank of America assinava acordos de licenciamento com um grupo de bancos fora da Califórnia, outro grupo de bancos de Illinois unia-se para formar a Mastercard que emitiria outro cartão: o MasterCharge.
Nos anos 70, o Bank of America renunciaria ao
controle do sistema de cartões, sendo esta posição assumida pelos bancos americanos que emitiam, então, o BankAmericard, formando a National BankAmericard Inc. (NBI).
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Mais tarde, com a necessidade de um
controle a nível internacional, seria fundada a IBANCO. Igualmente, o nome do cartão seria alterado para VISA, pelo que a NBI converter-se-ia em VISA U.S.A. e a IBANCO em VISA INTERNACIONAL.
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Estas seriam as duas grandes potências, enquanto emissores de cartões bancários, às quais os bancos regionais adeririam, abandonando os seus programas
autônomos, tornando o mercado altamente competitivo. Nos anos
seguintes foram se desenhando as franquias e mudando as regras das
franquias para que cada banco local, administrasse os cartões.