Pequenos
unem forças para conseguir competir
CLAUDIA
FACCHINE - WWW.VALORONLINE.COM.BR
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As
centrais de negócios, a união de pequenos comerciantes, já devem
responder por 10% das vendas totais do varejo brasileiro em 2004.
Segundo o consultor Marcos Gouvêa, as centrais têm um forte peso na
Europa, maior do que as franquias, diferentemente do que ocorre no
Brasil.
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Na França, esse modelo de negócio já representa 20% do comércio
total, movimentando 72 bilhões de euros por ano. Na Espanha, as
centrais respondem por 26% de todo varejo, sendo que no segmento de
supermercados, esse índice atinge 56%.
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"No Brasil, especificamente, houve um avanço mais expressivo do
modelo de franquias, que foi utilizado pelas varejistas como uma forma
de ocupar o mercado", afirma Gouvêa. No entanto, as centrais de
negócio tendem, agora, a ganhar mais força, à medida que a concentração
no mercado torna-se também cada vez maior.
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Nas centrais, os pequenos comerciantes, que já atuam em um
determinado ramo e possuem o ponto-de-venda, se unem para ganhar poder
de barganha junto aos fornecedores e enfrentar as grandes cadeias. Na
franquia, o movimento é inverso. O franqueado costuma ser alguém de
fora, que não atuava antes no setor, e que busca uma marca para
conseguir se estabelecer no ramo.
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Nas centrais, embora também adotem uma mesma bandeira e a mesma
identidade visual nas lojas, os associados possuem uma maior autonomia
na gestão do seu negócio do que no sistema de franquia. "Como nas
centrais os associados já eram operadores, eles conhecem o setor e têm
experiência", explica Gouvêa.
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O sistema Farmais, por exemplo, nasceu no Rio de Janeiro, em
1994, com a união de quatro proprietários de farmácias. Hoje, a rede
possui 615 farmácias, que, juntas, faturaram R$ 540 milhões em 2003,
12,5% a mais do que em 2002. "Do total de associados, 80% são
conversões de farmácias já existentes que aderiram ao sistema. Os
outros 20%, no entanto, são formados por novos pontos", afirma
Paulo Shima, diretor-geral da rede de farmácias.
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Juridicamente, explica o executivo, a Farmais é uma franquia e não
uma central, embora, conceitualmente, se encaixe também no segundo
modelo.
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O número de pontos-de-venda da rede de farmácias manteve-se estável
no ano passado. Algumas farmácias se convertem ao sistema, mas outras
também se desligam. Segundo Shima, esse "giro" representa
cerca de 5% a 8% do número total de associados.
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Com a introdução dos remédios genéricos, que custam cerca de
40% menos do que os medicamentos com marca, as farmácias sentiram uma
queda na receita no ano passado, explica Shima. Hoje, os genéricos já
respondem por 6% das vendas. As farmácias estão investindo em cosméticos,
que já representam 20% das vendas, e na diversificação do mix. A
Farmais, por exemplo, lançou recentemente uma linha de fitoterápicos
com sua marca própria, como fazem os supermercados com os alimentos.
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Segundo Gouvêa, já existem hoje no país 188 centrais nos
setores de supermercados, lojas de material de construção, móveis,
autopeças, farmácias, papelarias e padarias, totalizando mais de 11
mil lojas. Nos últimos anos, acrescenta, esse modelo de negócio também
vem recebendo um maior apoio dos fornecedores, que vêem nas centrais a
oportunidade de pulverizar a distribuição.
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Neste ano, o próprio Carrefour, a segunda maior rede de
supermercados do mundo, decidiu atuar como uma central. O grupo começou
a abrir a possibilidade para que pequenos supermercados passem a adotar
a sua bandeira Dia. O Carrefour atua como um atacadista, fornecendo as
mercadorias para o comerciante.