1999

Sistema de Representação Comercial para Representantes Comerciais

2018

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SDR - Sistema de representação, Vendas e Serviços

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Negociação com os terroristas na embaixada do Peru

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sala dos artigos de negociação

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Herb Cohen, foi o profissional em negociação enviado pelo governo dos eua para ajudar o governo de Alberto Fujimori, na negociação quando da tomada da embaixada de Japão em Lima - Peru. neste artigo ele relata como transcorreu o episódio e nos oferece seus conselhos a todos os que diariamente fazemos da negociação nosso meio de vida. Para todos nós, a vida é um contínuo processo de tratar de influir nos demais, seja o diretor, um cliente ou comprador, o dono da casa que habitamos, um vizinho, um banqueiro, um profissional da medicina ou da lei, um vendedor de automóveis, um auditor de impostos, ou inclusive um membro da família.
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Parecemos estar eternamente tentando que os demais concordem conosco. Qualquer que seja o caso ou a causa, cada vez que alguém se expressa com um objetivo em mente ou participa num intercâmbio social, com o propósito de afetar a conduta ou o comportamento de alguém, está jogando o jogo da negociação
(Artigo: é mais produtivo persuadir do que compelir).

O poder está baseado na percepção: se você pensa que o tem, tem-o. Se pensa que não, não o tem em absoluto. Os três elementos básicos de toda negociação, são: informação, tempo e poder de decisão.

Uma semana antes do Natal, em dezembro de 1996, mais de 500 membros da elite peruana se encontravam reunidos na Embaixada japonesa para celebrar o aniversário do imperador Akihito. Entre os convidados estavam magistrados da Corte Suprema, ministros, generais e chefes da polícia nacional, além de diplomáticos e empresários.

No meio da celebração, uma explosão derrubou a parede que rodeava a embaixada e 14 homens e mulheres mascarados começaram a disparar suas armas e anunciaram ser membros do movimento revolucionário Tupac Amaru e fizeram os convidados seus reféns.

Isso era tudo o que eu sabia da situação até que recebi, uns poucos dias depois do ocorrido, um telefonema em que me pediam que me apresentasse na Casa Branca. Já que eu fui um dos envolvidos no programa de negociação de seqüestros do FBI em Quântico, Virginia, e constantemente estava advertindo ao governo estadunidense sobre o flagelo do terrorismo internacional, esperava com impaciência uma longa reunião com o presidente para compartilhar com ele meus pensamentos e filosofia.

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Na minha chegada me encontrei com um experiente funcionário em segurança nacional, quem me fez uma análise concisa da situação e me perguntou se estaria disposto a viajar ao Peru para ajudar ao presidente Alberto Fujimori com os benefícios de minhas experiências. Respondi afirmativamente e, enquanto guardava meu livro de notas, abriu-se parcialmente a porta da sala de reuniões (Artigo: Negociar ou persuadir?).

Ao olhar para cima atingi a ver a cabeça do presidente bill Clinton. Era só a cabeça, não o corpo. Até hoje, nunca vi seu corpo pessoalmente, só sua cabeça, e ele falou: good luck, Herb, lembra que este assunto inclui a possibilidade de uma negativa plausível. O qual, traduzido significa: Se te conheço, não te vi...  Assim que, armado com esse voto de confiança empreendi a viagem a Lima, Peru.

Quando aterrizou o avião, nem sequer passei pela alfândega senão direto a uma longa limusine que me levou ao palácio presidencial, onde fui recebido pelo presidente Alberto Fujimori. Apertou-me a mão, ofereceu-me uma xícara de chá morno e um prato com uma única bolacha. Lembro ter procurado algo para untar à bolacha, o que diz muito sobre minhas necessidades e prioridades pessoais. Enquanto eu olhava a meu arredor, o presidente se desculpou ao dizer: Eu não conheço os detalhes disto, mas os militares sim.

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No mesmo instante se abriu a porta e três generais do exército entraram marchando e marcando o passo. Presas do uniforme, tinham abundantes condecorações e de seus pescoços penduravam brilhantes medalhas. Ao início, e seguindo a ordem que tinha recebido da Casa Branca, comecei a detalhar minhas credenciais e a compartilhar minhas experiências com os generais.

Em perspectiva, agora acredito que devo ter falado demais, pois me dei conta de que estavam olhando para o teto. O único momento no qual fiz uma pausa foi quando o general com o maior número de condecorações alçou a mão e disse: quer saber sobre negociações em torno de reféns...? Lhe contarei o que vivi. Venho de um povoado pequeno, chamado Alca. Uma vez um menino de nove anos pegou um cachorro que não lhe pertencia e correu a meter-se num barraco de madeira.

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E sabe o que fizemos...? Rodeamos o barraco e contamos até dez para que saísse. Ainda cheguei a pensar que a cultura deles era mais lenta porque nos EUA dizemos "um-dois-três"... mas inclinei-me para frente e perguntei: e então, que aconteceu? Encolheu os ombros e me respondeu: tocamos fogo no barraco. Totalmente desconcertado, perguntei: mas o que aconteceu com o menino...? respondeu-me com indiferença... o cachorro fugiu correndo!

Ele estaria rindo da minha cara ou era este um relato metafórico para demonstrar como trabalhavam os seqüestros e manejavam aos seqüestradores? Lembro ter pensado que apenas por passar algum tempo com esses tipos, poderia causar-me a perda do tecido cerebral e uma queda precipitada de meu quociente intelectual. Em retrospectiva, dou-me conta de que o problema era que eu tinha esquecido de escutar mais e perguntar menos. Tinha-me posto na situação de gringo experto, falando-lhe de cima para baixo, à gente comum (Artigo: TERMINOU DE NEGOCIAR...).

Estava notoriamente ausente de meu comportamento até esse momento, esquecendo todo meu sentido de humildade e humanidade. Ao reconhecer que estava perdendo credibilidade, mudei de rumo e comecei a concentrar-me neles: em suas famílias, suas viagens, seus gostos e sua vida. Em resumo, para deter a patinada, soltei o volante.

Surpreendentemente, depois de algum tempo nossa relação mudou e pouco a pouco os generais revelaram o que estava sucedendo. Por eles soube que o presidente Fujimori estava indignado com a tomada da embaixada. Não só representava uma humilhação para ele e seu governo, senão que sua mãe, sua irmã e seu irmão estavam entre os reféns.

Como resultado, já tinham começado a cavar um túnel de resgate e preparar um grupo de 150 comandos de elite para um ataque iminente. Ademais, o presidente, dedicado a erradicar o terrorismo, queria concluir a tomada pela força antes do Natal, pois não estava disposto a negociar com eles sob nenhuma circunstância.

Com o tempo consegui que os generais compreendessem e aceitassem que o tempo nos favorecia se queríamos preservar a vida dos civis. Respeitando o desejo de Fujimori de que não tivesse negociações formais, formou-se uma comissão de "pessoas filtro" para empreender "conversas preliminares" com os seqüestradores. Foi graças a estes contatos e à relação que se desenvolveu com os seqüestradores, que um importante número dos reféns obteve a liberdade, culminando com a libertação de 225 deles como "gesto de boa vontade", em vésperas de Natal.

Quando saí de Lima ficavam menos de cem reféns e a crise se tinha acalmado consideravelmente. Ambas partes tinham reduzido suas exigências e haviam estabelecido uma série de vontades nas quais ambas partes atuavam para suas audiências nacionais e estrangeiras.

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Resultava significativo que o governo peruano estava utilizando a escavação dos túneis como meio de arrecadar informação, disposto a ser paciente, ainda que tomasse três meses.

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Talvez mais significativo ainda era do que Nestor Cerpa Cartolini, comandante da operação, estava começando a preocupar-se por sua imagem e não queria que se lhe comparasse com Sendero Luminoso, um grupo terrorista mais violento.

O desenlace segue sendo algo controvertido. Chegou depois de um assédio que durou 126 dias. Enquanto os rebeldes jogavam futebol de salão sem suas camisas e armas, foram surpreendidos por um ataque surpresa e em massa de comandos da elite. Ao utilizar a informação arrecadada ao longo do tempo, as forças de segurança conseguiram preservar as vidas de quase todos os reféns que ficavam. A única exceção foi um homem de negócios que sucumbiu a uma crise cardíaca durante o assalto e morreu caminho ao hospital (Artigo: Não venda a pele do urso antes de caçar-lo!).

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Essencialmente foi o passo do tempo o que permitiu o levantamento de informação e salvou aos reféns que ainda permaneciam cativos. Ainda que muitos dos diretamente afetados por estes acontecimentos conservam recordações melancólicas, as vezes quando rememoro minha visita ao palácio presidencial do Peru lembro a máxima de Edward R. Murrow: o escuro o poderemos ver de longe; o que aparece completamente evidente, pode tomar mais tempo (Artigo: Em negociação, o mais importante, as vezes não se vê...).

Mas o padrinho Michael Corleone pôde ter sido mais direto ainda quando disse: o mais importante que aprendi do meu pai, foi que há que tentar pensar como pensam aqueles que te rodeiam.

Não importa o que estejam negociando. O importante é escutar mais, falar menos, reconhecer ao outro e expressar nossos pontos de vista sem provocar: esta é a natureza essencial da negociação. Por isso, além de escutar atenciosamente, há que fazer exatamente o que não se espera que façamos. Saber como e em que momento passar ao outro bando é fundamental se o que se procura é uma mudança de opinião.

Cada vez que participe numa inter-relação social com uma finalidade específica ou numa negociação, aparte-se emocionalmente para adquirir perspectiva e assim poder ver as pautas, as relações e as conexões entre as coisas.

Para influir eficazmente nos comportamentos, comece por obter informação sobre as crenças, as motivações, os valores e as necessidades subjacentes de sua contraparte.

Considere-se sempre alguém que resolve problemas e procura alternativas criativas, que satisfaçam as verdadeiras preocupações e os interesses reais de ambas partes.

Dado que todo comportamento faz sentido desde a perspectiva do ator, tente ver o problema de seu ponto de vista e a partir de suas experiências.

Ao tratar com opositores declarados, tenha em mente que a possibilidade de que mudem, está em proporção direta com seu umbral de dor. O comportamento não mudará enquanto não se convençam de que o perigo da intransigência pesa mais do que o custo de ceder.

Quando algo nos importa demasiado, nossa adrenalina começa a fluir, fazendo-nos sentir ou dopados ou embotados.

Ainda que o submetam a discursos irracionais, diatribes emocionais ou a ameaça de um ponto morto, procure manter uma atitude equilibrada mediante a qual o assunto lhe importe, mas nem tanto.

Ao igual que um maestro de xadrez, o negociador de sucesso, precisa conhecer toda a estratégia possível: desde a abertura do jogo até o mate. Recém então pode entrar com confiança na negociação e estar seguro de que está preparado para qualquer eventualidade que possa ocorrer. Ao mesmo tempo trata de conseguir um resultado que dê a cada um o que pretende, e tenta uma solução que não seja meramente aceitável, senão mutuamente satisfatória.

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Se um pode conseguir pôr-se no lugar do outro e verse a se mesmo como alguém que resolve problemas fará um bom trabalho. O bom negociador tem que saber comunicar-se, não muito, só o necessário; e fundamentalmente sabe escutar. Nunca estereotipar à gente. O bom negociador relaxa e vê cada negociação, já seja no trabalho ou em sua casa, como se fosse um jogo. É capaz de dizer-se a si mesmo: É um jogo. É o mundo da ilusão. Uma tática percebida deixa de ser uma tática. Importa-me sim, mas não tanto.

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Prof. Herb Cohen
biblioteca exclusiva do professor

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Outros excelentes artigos traduzidos e publicados pelo jornal SDR do prof. Herb Cohen:

Sim, você pode!

Os 12 Pilares da Negociação!

Confia em Alá, mas amarra teu camelo!

estamos aferrados as nossas crenças

Crianças: negociadores profissionais!

Como regra geral, a paciência dá frutos

Você corta o bolo e eu escolho primeiro...

Profissionais em negociação não são tigres de papel

Negociação com os terroristas na embaixada do Peru

A vida é um processo contínuo de influenciar os outros

para andar sobre as águas, precisa saber onde estão as pedras

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