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rotina é inimiga do processo criativo
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Sempre se disse que o jazz
permite criar algo a partir do nada. Improvisação mediante sua
vitalidade se nutre dos estilos e a idiossincrasia de seus intérpretes,
da paixão de seus executantes. O que não significa que não tenha
tradição. Ou que os músicos devam reconstruir para construir, uma
interpretação errônea, e muito conveniente, alimentada pelos mesmos
músicos, que sugere destruir o passado.
Assim qualquer
proposta será original simplesmente por ser nova. E estudar música
tradicional, evitável. Mas quanto menos se aprende, menores as
opções para o intérprete. Torna defeituoso o equilíbrio entre
disciplina e ordem, e espontaneidade e criatividade.
Porque, mesmo que a sessão
de jazz ou jam session seja o estereótipo do processo criativo, de todas
as plataformas musicais é a menos apta para gerar algo novo. Tem
filiação democrática, contribui flexibilidade, mas não é realmente
inovadora. Porque a inovação tem suas exigências: tremenda experiência,
capacidade de antecipação e reflexão... Demais para qualquer um!
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Para mim, a essência da
criatividade e a inovação está em cruzar fronteiras, em vagar entre
mundos diferentes. Minha capacidade musical evoluiu com minha
perspectiva do mundo. Às vezes me criticam por ser inconsistente ou
errático. Na realidade, sou muito curioso. E não tenho medo do sucesso,
nem do fracasso, os aproveito para aprender.
A vida é nossa
verdadeira profissão, e nela está a inovação. Por isso, ampliar os
próprios horizontes aumenta o potencial criativo.
A busca da perfeição é
outro aspecto importante. Meu desejo de melhorar é constante. Não me
interessa acentuar o que faço bem. Quero desterrar o que faço mal.
Quando você se concentra só no que sabe fazer, começa a declinar porque
a rotina é inimiga do processo criativo. Terá que romper o equilíbrio.
Tanto na música como nos negócios. E se mudar significa ganhar menos
dinheiro, terá que aceitar. Os incentivos financeiros podem ser o beijo
da morte para a criatividade.
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Contratam centenas de
grupos por ano, que em sua maioria desaparecem. Se contratassem só dois,
em dez anos, os vinte poderiam ser exitosos. Mas preferem a profecia
auto-cumprida de um sistema que falha na hora de adaptar-se e aprender
da experiência. Ante a impossibilidade de modificar esse quadro, decidi
criar meu próprio selo, para fazer música criativa, que atraia aqueles
que amam as coisas criativas. Não queremos gerar tendências, se não é em
nossos termos. Nesse sentido, não sei qual será minha próxima aventura
como artista.
Faz cinco anos, quando
escutei pela primeira vez "a ópera dos três centavos" de Kurt Weill,
não podia imaginá-la em tempo de jazz. Agora posso senti-la.
Avancei, mudei. Não se pode decretar a inovação. Sim, preparar-lhe o
terreno.
Branford Marsalis
saxofonista
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reconhecido músico de jazz (saxo
alto, tenor e soprano), integra uma dinastia de celebridades.
É filho do pianista e compositor
Ellis Marsalis, e irmão maior do trompetista Wynton. |