1999

Sistema de Representação Comercial para Representantes Comerciais

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Quem decide... é o preço, a qualidade ou a marca?

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Sala dos artigos de Branding

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No momento da compra, os consumidores se guiam por atributos como o preço, a qualidade, e, sobretudo, a marca. Por isso como profissionais em vendas, devemos conseguir que esta seja um referente na mente do comprador e que contribua valor contínuo aos produtos. É praticamente impossível que o consumidor chegue a entender tão bem os vinhos e espumantes como as próprias Vinícolas que os elaboram. Só os produtores conhecem com detalhe as propriedades, particularidades e benefícios de seus produtos (Artigo: Quanto mais caro, melhor...).

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Esse conhecimento parcial ou incompleto por parte dos consumidores faz que, em muitos casos, na hora da compra, deixem-se guiar por algum atributo específico que lhes dê segurança e respaldo à decisão de compra tomada. Um destes elementos é a marca. Estaremos de acordo que numa prova às cegas, a marca não cobra sentido e o valor reside 100% na qualidade do produto em seu consumo. Mas esta não é a realidade que encontramos no mercado. Agrade-nos ou não (Artigo: 90% das pessoas confiam nas mesmas marcas).

.Mas, pode-se trabalhar a marca?: claro que sim. É labor de todos criar marcas fortes, reconhecidas, com personalidade, que ajudem a projetar-se a si mesmas e aos vinhos Brasileiros como uns dos melhores do mundo graças a suas variadas e ricas micro-regiões. E sobre isto temos muito que aprender de outros países. A marca pode converter-se, sem dúvida alguma, numa das ferramentas mais potentes para conseguir a comercialização. Representa um conjunto de valores intangíveis, que devidamente arraigados na mente do consumidor, estabelece uma série de vínculos "comprador & marca" difíceis de romper e perduráveis no tempo (Artigo: Branding emocional: O VALOR DE UM CACHORRO QUENTE).

Com freqüência se atribui às Vinícolas Brasileiras seus elevados investimentos em tangíveis (infra-estruturas, imobilizados, maquinaria…) e seus baixos investimentos em intangíveis (marcas, marketing, comunicação…) um aspecto que Vinícolas portuguesas, italianas, chilenas, argentinas, por exemplo, dominam à perfeição.

.Desde a perspectiva do comprador, a marca atua como uma apólice de seguros: tem a segurança de que o produto comprado tem uma qualidade determinada, lhe reportará um prazer por seu gosto insuperável, lhe oferecerá determinada imagem ou um status social,... Desde a perspectiva do comercial, a marca permite educar ao comprador potencial, pode reduzir ostensivamente a importância da variável preço e/ou ajudar a aumentar "o vínculo" do consumidor com a vinícola, ao dispor de uma maior confiança de seus clientes para aceitar novos produtos, perdoar erros e fracassos (Artigo: Churrasco ou Salada? Uma viagem na mente dos clientes).

Talvez admitiríamos pagar 70 mil reais por um carro tão bom como esses, como um exemplo, mas se fosse uma marca desconhecida...?

Inconscientemente, estamos vinculando a marca aos conceitos de produto, preço, imagem... Por tanto, não é um elemento básico na comercialização, senão que é o eixo fundamental do Marketing, sobre o que desenvolver o resto de variáveis. Hoje em dia se vendem marcas mais do que produtos. Estes últimos estão submetidos a modas, tendências, evoluções,...Têm ciclos de vida cada vez mais curtos, nascem e morrem com maior rapidez, mas a marca perdura. Se assumirmos sua vital importância, não devemos tratar sua definição como um tema episódico ou banal.

.Agora as perguntas chaves são como criar as bases de uma marca de sucesso?
.E que ações realizar para que esta adicione valor de uma forma contínua a nossa empresa?

Para definir e criar a marca de nossa Vinícola é recomendável seguir um processo de avaliação mediante uma série de parâmetros simples, mas importantes:

.É uma marca simples?: por norma geral deve ser um nome curto, fácil, simples de recordar e de ler. Os consumidores não têm de fazer nenhum esforço para identificá-la (Artigo: Você tem um grito de guerra?).

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.É ÚNICA: falamos de ter uma marca diferente, diferente do resto. Não serve de nada ter um excelente nome se este é similar ao da concorrência (especialmente se a outra marca está consolidada ou tem maior orçamento de comunicação do que a nossa).
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.Reflete os valores da Vinícola?: se quisermos ser o referente de tradição vinícola, modernidade, vinhos de autor,… nossa marca (nome, estilo, cores, fotografias,...) tem de refletir estes aspectos. Portanto, como passo prévio, é necessário definir de forma explícita que valores tem, quer ou pode ter nossa Vinícola. A marca não só deve refletí-los senão que ademais deve promovê-los e promocioná-los.
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.Encaixa com nosso público objetivo?: não muito moderna para público conservador. Não muito tradicional para público moderno. A criação e consolidação de uma marca requerem tempo e investimento. Por tanto é importante contar com o público objetivo, mas sempre tendo em conta que esta deve ser flexível (permitir a entrada de novos produtos) e sustentável no tempo (que não se torne obsoleta cedo). É muito caro mudar a marca (Artigo: PRODUZINDO O QUE OS CLIENTES DESEJAM - CASO ECOSPORT).

Simplicidade, a diferenciação, seu encaixe com o produto, público objetivo e sua consistência, são fatores importantes para ter uma boa marca, sólida, sobre a que estabelecer as políticas de produto, comunicação, etc. A coerência e linearidade dos fatores são fundamentais. A importância destas 4 fases é vital. Há que evitar cair numa má imagem de marca já que dar-lhe a volta se torna uma tarefa quase impossível. De fato costuma ser mais recomendável começar do zero, com uma nova marca, antes que dar a volta a uma marca com má imagem. Quanto às ações a desenvolver para criar uma boa imagem de marca, são as habituais ações comerciais e de comunicação:

lançamentos de produtos, apresentações Da Vinícola, assistências a feiras, relações públicas… mas todas elas tendo em conta: A personalidade da marca.

.Seu público objetivo: as novas perguntas que nos deveríamos fazer são:

.Como desenvolvo minha política de marca/as nos diferentes canais?

.Utilizamos a mesma marca para a Vinícola que para os produtos?

.Temos diferentes marcas para categorias de produtos, canais de comercialização?

Existem muitas possibilidades no desenvolvimento da política de marcas para uma vinícola, mas duas são as mais utilizadas:

Uma única marca tanto para a Vinícola como para os produtos que comercializa. É o que se denomina "Marca Guarda chuva". Tem a vantagem de requerer um menor esforço econômico para seu lançamento e manutenção, mas o inconveniente de aumento do risco ante uma falha de produto e/ou gama, já que afetaria a todo o conjunto; vinhos e Vinícola (Artigo: O produto não é nada. O nome o é tudo!).

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A outra Política consiste no uso, pelo geral, da Marca da Vinícola para alguma gama de produto, costuma ser a de maior prestígio, e outras Marcas para o resto de gamas. Neste caso, é muito importante a divisão das gamas de produtos seguindo critérios reais como: diferentes níveis de qualidade, canais de comercialização, zonas de comercialização, tipo de cultivo, etc.

Uma vez realizada esta segmentação de produtos das gamas definidas, a atribuição de marcas diferentes pode ajudar a aprofundar nessa diferenciação procurada enquanto também pode levar à saturação. Neste sentido o equilíbrio é a melhor opção, sem chegar a ter um número elevado de Marcas que impedem sua contração e fortalecimento, o mais adequado é optar por uma gama diferenciada mas reduzida, que lhe permita investir nelas de forma ordenada criando marcas fortes e de futuro (Artigo: A diferenciação é a chave para evitar a guerra de preços).

Esta é uma política bem mais custosa, já que há que multiplicar os esforços para a promoção das marcas, mas por sua vez permite diversificar o risco e costuma ser muito útil à hora de evitar confrontos ante os agentes dos diferentes canais (Hotelaria e Alimentação) de comercialização.

Bertol Gorospe
Director EUROGAP MADRID
UNIVER. DE NAVARRA - ESPANHA

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