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Decisões irracionais e erros estratégicos

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sala dos artigos de estratégias  -  SALA DOS ARTIGOS DE GERENCIAMENTO

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A teoria da decisão racional é a base dos modelos de formulação estratégica. No entanto, muitas decisões cruciais se tomam num contexto lotado de sesgos cognitivos, estúpidos orgulhos, lutas de poder e medo ao desconhecido... A maioria dos executivos de corporações são pessoas inteligentes que se formaram em prestigiosas escolas de negócios e estudaram as teorias estratégicas de Henry Mintzberg e Michael Porter (ARTIGO: líderes jogam o xadrez, não damas).

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E, no entanto, muitos cometem grosseiros erros estratégicos, baseados em decisões que não resistem a menor análise racional. Talvez, a explicação dos erros radica em que não somos tão racionais como o supõe a teoria neoclássica. Assim, um artigo da consultoria McKinsey Quarterly, desde uma perspectiva comportamental, oferece uma série de causas comuns de erros estratégicos:

Excesso de confiança: qual é a extensão do rio Nilo? Não é necessário que ofereça uma cifra precisa, pode responder com uma cifra em que você se sinta razoavelmente seguro de acertar. Agora bem, a extensão precisa é de 6.650 quilômetros. Assim, uma resposta relativamente segura consistia em oferecer uma ampla cifra, por exemplo, entre 2.000 e 10.000 quilômetros. No entanto, neste experimento típico da economia comportamental, os entrevistados tendem a escolher uma cifra demasiada estreita (por exemplo, entre 2.000 e 4.000). Em outras palavras, costumamos confiar excessivamente em nossa capacidade de realizar predições. E isto explica muitos erros freqüentes de planejamento estratégico (ARTIGO: Preços baixos = mais clientes ? nem sempre...).

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O envieso a subestimar as perdas: num experimento, propôs-se um panorama onde dois grupos de estudantes recebiam uma herança. Um grupo, recebia os ativos sob a forma de bônus de baixo risco e rendimento. O segundo grupo, recebia a mesma soma em ações de alto risco. Agora bem, a teoria da eleição racional supõe que, depois de obter os ativos, os membros de ambos grupos diversificarão seu portfólio até atingir uma situação equilibrada entre risco e retorno.

Não obstante, os participantes do experimento mantiveram praticamente a mesma composição que tinham recebido. A preferência pelo "statu quo" (estado atual) se explica, desde a perspectiva comportamental, pela aversão a sofrer perdas. Tipicamente, valorizamos evitar mudanças que possam implicar uma perda a respeito de nossa situação inicial (ainda que isto nos faça perder oportunidades de realizar mudanças que, previsivelmente, poderiam melhorar nossa situação).

A síndrome dos custos perdidos: a teoria da decisão racional sustenta que só faz sentido investir num projeto se seu retorno esperado é positivo (considerando, o custo de oportunidade). E, no entanto, pense numa empresa que investiu muitos milhões num negócio que não está dando os resultados esperados (sem que tenha indícios consistentes de um melhoramento da situação). A decisão racional consiste em deter o projeto, deixar de queimar recursos, assumir as perdas e avançar em outras frentes. Não obstante, é muito freqüente que os diretores sigam investindo no negócio esperando que, algum dia, chegue a dar resultados que justifiquem os custos perdidos (do mesmo modo em que um jogador compulsivo continua apostando mais dinheiro para recuperar suas perdas) (ARTIGO: A matriz de Ansoff: produto/mercado).

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O instinto de manada: quem quer ser o bobo da corte da indústria? Uma explicação tradicional é o das borbulhas financeiras típicas dos novos mercados e repousa no instinto de seguir à manada. E, em última instância, as raízes deste comportamento podem rastrear-se numa tendência humana a procurar o reconhecimento do próximo. Imagine que você era um banqueiro de investimento em tempos da borbulha pontocom. Todos seus colegas e competidores investiam milhões nas novas tecnológicas. Você, não estava muito convicto de que aquelas companhias fossem tão bom negócio. E, no entanto, você tinha muitos incentivos a seguir a manada. Se a borbulha explodia (como finalmente ocorreu) você compartilharia o erro estratégico com todos os jogadores da indústria. Mas se você se mantinha à margem da especulação, o custo psicológico de um potencial sucesso das pontocom seria imenso. Todos teriam ganho fortunas menos você. E seus colegas não demorariam em assinalá-lo sarcasticamente como "o único banqueiro de investimento que não se enriqueceu com as pontocom" (ARTIGO: Supply chain: Quando os embarques atrasam, as entregas falham).

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Falsos consensos: o marquês da la Grange (matemático e astrônomo Frances: (25/01/1736 - 10/04/1813)) alguma vez disse: "quando pedimos um conselho, normalmente estamos procurando um cúmplice! Esta máxima costuma ser muito verdadeira nas decisões de negócios. Em geral, procuramos opiniões que respaldem nossas crenças e hipóteses. Também tendemos a aceitar imediatamente qualquer evidência que respalde nossa posição enquanto submetemos a uma estrita análise aos dados que sugiram o contrário. Assim, é melhor ser prudente ante uma declaração como a seguinte na boca de um CEO: "toda a equipe diretiva apóia 100% a iniciativa". Este apoio "unânime" pode ser, em realidade, um falso consenso. E os riscos se agravam em companhias com um CEO muito dominante, onde os diretores temem manifestar o que realmente pensam (ARTIGO: conjoint analysis - análise conjunta).

Em definitivo, este artigo da consultoria McKinsey leva a reformular a utilidade real, de muitos dos supostos racionais da formulação estratégica. Em muitos casos, a estratégia de uma companhia, mais do que o fruto de um processo racional orientado pelos dados, é realmente um disfarce das intuições de sua CEO.

McKinsey & Company

Biblioteca exclusiva da McKinsey Quarterly

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A McKinsey & Company é uma empresa americana de consultoria em gerenciamento mundial. Realiza análises qualitativas e quantitativas para avaliar as decisões de gestão nos setores público e privado. A McKinsey publica o McKinsey Quarterly desde 1964, financia a organização de pesquisa do McKinsey Global Institute, publica relatórios sobre tópicos de gerenciamento e é autor de muitos livros influentes sobre administração. Suas práticas de confidencialidade, influência nas práticas de negócios e cultura corporativa experimentaram uma recepção polarizadora. A McKinsey foi fundada em 1926 por James O. McKinsey para aplicar os princípios contábeis à administração.

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Outros excelentes artigos traduzidos e publicados pelo Jornal SDR, da Consultoria McKinsey:

Onde investir para melhorar as vendas?

Decisões irracionais e erros estratégicos

Táticas para vender bens de consumo em massa

Pricing: fazendo malabarismos com os preços

O desafio de entregar mais valor por menos dinheiro

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