O
pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala,
nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o
custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do
aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.
O
analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito
dizendo que odeia a política. Não
sabe o imbecil, que da sua ignorância política nasce a prostituta,
o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político
vigarista, pilantra, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo.
Em
1933, quando Adolfo
Hitler,
à frente do 3º
Reich,
estabeleceu o nazismo na Alemanha, inaugurando uma nova ordem que,
segundo ele, deveria durar 10.000 anos, Bertolt
Brecht,
com 35 anos de idade, abandonou o país, asilando-se em várias
cidades da Europa. Suas obras, em Berlim, foram queimadas em praça pública
com tantas outras dos mais famosos escritores da época. No dia em que
a Alemanha invadiu a Dinamarca, Brecht,
que se encontrava neste país, fugiu para a Finlândia. Dali partiu
para Vladivostok, onde embarcou para EUA.
.
No
exílio, que durou até o fim da 2ª
Guerra MundiAL,
publicou vários poemas que contribuem para sua glória literária,
tanto como suas peças teatrais. Brecht
não se cansou de fustigar violentamente a figura de Hitler,
mostrando os crimes do nazismo. De volta à Alemanha, depois do
desmoronamento deste regime, continuou a lutar, como marxista, pela
causa operária.
Ao
FALECER, em 1956, o mundo inteiro reconhecia a grandeza de sua obra.
Bertolt
Brecht
nasceu em Augsburg, Alemanha, em 1898, numa família burguesa. Dono de
uma fábrica de papel, o pai, Bertolt
Friedrich Brecht,
era católico. A mãe, Sofie,
luterana. Lembrando-se da juventude, Brecht
escreveu estes versos:
Cresci
como filho de boa família, meus pais me puseram colarinho, me
educaram para ser servido e me ensinaram a arte de dar ordens. Mas
quando eu cresci, nem as pessoas da minha classe, nem dar ordens,
nem ser servido, me agradaram. Então
deixei minha classe e me juntei aos inferiores.
Em
1917 inicia o curso de medicina em Munique, mas logo é convocado pelo
exército, indo trabalhar como enfermeiro em um hospital militar.
Aquele que iria se tornar uma das mais importantes figuras do teatro
do século XX,
começa a escrever seus primeiros poemas e cedo se rebela contra os "falsos
padrões"
da arte e da vida burguesa, corroídas pela 1ª
Guerra Mundial.
Tal atitude se reflete já na sua primeira peça, o drama
expressionista "Baal",
de 1918. Colabora com os diretores Max
Reinhardt e Erwin Piscator.
Recebe, no fim dos anos 20, instruções marxistas do filósofo Karl
Korsch.
.
Em
1928, faz com Kurt
Weill a "Ópera
dos Três Vinténs".
Com a ascensão de Hitler,
deixa o país em 1933, e exila-se em países como a Dinamarca e EUA.
Faz da crítica ao nazismo e à guerra tema de obras como "Mãe
coragem e seus filhos" (1939).
Vítima da patrulha macartista, parte em 1947 para a Suíça onde
redige o "Pequeno
Organon",
suma de sua teoria teatral. Volta à Alemanha em 1948, onde funda, no
ano seguinte, a companhia Berliner
Ensemble.
Mostrem
que mostram: Bertolt
Brecht
desenvolveu também uma teoria de técnica dramática conhecida como
teatro épico.
Ele pretendia evitar que o espectador confundisse "arte
com a vida real".
Por isso, os atores freqüentemente lembravam que o que o público
estava vendo era uma peça e não a vida real. Tendo essa consciência,
o público despertaria para a possibilidade de transformar a própria
realidade.
Precisamos
de um teatro que não apenas liberte os sentimentos, pensamentos e
impulsos possíveis no âmbito de um determinado ambiente histórico
no qual a ação se realiza, mas que utilize e encoraje esses
sentimentos e idéias que ajudam a transformar o próprio ambiente,
explicava Brecht.
Muitas
características das peças encenadas hoje em dia, como ausência de
cenário, lâmpadas à mostra, cenas curtas, interrupção do texto
com comentários sobre a realidade fora do espetáculo, são herança
brechtiana. Faleceu em Berlim, em 1956.