biblioteca exclusiva da univ. wharton . O que o consumidor e o varejo devem saber sobre a precificação dinâmica. .
Grande parte do estudo, baseado em uma pesquisa telefônica com 1.500 adultos, deteve-se em questões de foro privado relativas a um conjunto de informações sobre os consumidores. Contudo, investigou-se também o grau de conhecimento das pessoas sobre preços. Constatou-se, por exemplo, que:
Não, de acordo com membros do corpo docente do departamento de Marketing da UNIV. Wharton. Para os professores da instituição, esse tipo de precificação também conhecido como meta de preços, precificação flexível, precificação customizada ou, para usar a frase empregada pelo estudo do Centro Annenberg, precificação discriminatória é expediente corriqueiro, uma ferramenta essencial para as empresas e, via de regra, benéfica para o consumidor e para a sociedade como um todo.
As pesquisas mostram que as pessoas se sentem incomodadas quando descobrem que pagaram mais pelo mesmo produto adquirido a um preço mais baixo por outra pessoa. Isso acontece porque, em geral, elas desconhecem os fatores que influenciam a decisão da empresa no momento de fixar os preços, ou porque relutam em solicitar um preço mais baixo, ou talvez porque achem desagradável pechinchar.
A precificação dinâmica sempre existiu, observa o professor Peter S. Fader PHD em marketing da UNIV. Wharton. Basta lembrar dos pechincheiros clássicos nos bazares dos mercados do Oriente Médio. As pessoas pagam preços muito diferentes pela mesma peça de tecido. Isso é uma coisa muito mais comum nas negociações do que o preço fixo. O expediente de preço fixo é um fenômeno bem posterior e artificial. É preciso que as empresas se dediquem à prática de preços flexíveis para que possam honrar seus compromissos com os acionistas.
Na verdade, não há nada de novo, concorda o professor Z. John Zhang PHD em marketing da UNIV. Wharton. A única coisa nova é que a Internet permitiu às empresas recorrer a diferentes maneiras de fixar e ajustar preços. Stephen J. Hoch, diretor do departamento de Marketing da Wharton faz a seguinte observação:
É claro que não se deve recorrer a toda e qualquer estratégia de preços. A prática do conluio entre concorrentes de uma determinada indústria para a fixação de preços constitui violação da lei, assim como o recurso à raça ou ao sexo para conquistar os consumidores com preços diferentes, além de outras práticas discriminatórias.
A precificação dinâmica, porém, é algo comum. Clientes distintos em uma concessionária de automóveis, em um mesmo momento, podem acabar comprando o mesmo veículo equipado com os mesmos equipamentos adicionais por preços bastante diferentes dependendo do conhecimento que têm do negócio e de suas habilidades de negociação.
Se você for um cliente lucrativo, a companhia telefônica poderá lhe oferecer 50 dólares para migrar para os seus serviços; contudo, oferecerá apenas 20 dólares ao seu vizinho menos lucrativo. E quem nunca pensou, ao se acomodar na poltrona de um avião, se a pessoa da poltrona ao lado não teria pago menos por sua passagem, embora ambas tenham sido compradas no mesmo dia?
A Internet proporcionou ao varejo online oportunidades fantásticas de coligir dados sobre o comportamento do consumidor para, em seguida, tentar atingi-lo com diferentes preços de uma mesma mercadoria. Os operadores dos sites não apenas sabem quais itens os clientes colocam em seus carrinhos de compras, mas também quais itens eles deixam de fora na hora de pagar.
O comércio online também é capaz de dizer se o indivíduo é um consumidor regular ou esporádico. As visitas que o consumidor faz aos sites sem adquirir produto algum são tão informativas quanto as visitas daqueles clientes que enchem seu carrinho de compras.
A resposta não é tão óbvia quanto parece, diz Fader. Há dois bons argumentos possíveis. Se você é um cliente assíduo, talvez o varejista devesse cobrar mais, já que você é um cliente cativo e, portanto, o dono do estabelecimento pode contar com você para tocar o seu negócio. Ou então, a loja pode premiar sua fidelidade com preços menores. Se o varejista tomar a decisão errada, corre o risco de perder um bom cliente e levar prejuízo. A loja deve analisar não só a freqüência com que o cliente acessa o site, mas também quando o faz, o que compra e se a transação resultou em margens de lucros altas.
Segundo
Fader, haverá momentos em que as empresas realmente tomarão
decisões equivocadas e cobrarão preços elevados, irritando
as pessoas e perdendo clientes. Mas essa é a beleza do livre
mercado, diz Fader. Se a empresa não souber lidar com a
precificação dinâmica, perderá clientes e entrará em um
processo de estagnação.
Muitas vezes, a precificação dinâmica não reverte no melhor interesse da empresa. Se sua empresa for a única no mercado, e se a situação dela for de quase monopólio, ou se seus concorrentes forem lentos em relação aos seus movimentos, isto significa que você dispõe de poder de precificação, observa Zhang.
Se, por outro lado, há muita concorrência em um determinado mercado, a precificação dinâmica pode ser a opção errada, porque pode resultar em uma guerra de preços e corroer as margens de lucros, diz Zhang. Se todo o mundo dispuser de flexibilidade de preços e decidir utilizá-la, os consumidores serão disputados cabeça a cabeça, acirrando a concorrência no mercado. Isto não é necessariamente bom para as empresas.
Há ocasiões em que a precificação flexível beneficia a sociedade, acrescenta Zhang. As companhias farmacêuticas podem vender remédios a preços mais baixos às pessoas mais pobres que necessitam deles porque, ao mesmo tempo, vendem medicamentos a preços mais caros às pessoas de renda mais elevada.
Contudo, se a empresa adota a prática de descontos, pode cobrar menos daqueles que não dispõem de meios para pagar por produtos de preços mais elevados. Conseqüentemente, a empresa pode expandir seu mercado, beneficiando a sociedade de muitas formas. Um número maior de pessoas passará a consumir remédios, aumentando a lucratividade da empresa e permitindo a ela investir mais em pesquisa e desenvolvimento, produzindo com isso mais remédios.
Discriminação transparente de preços: - Lisa Bolton, professora de Marketing, realizou pesquisas em que analisa as diferentes percepções de preço justo e constatou que as pessoas recorrem a três pontos de referência para determinar qual preço consideram justo para um produto determinado:
Bolton apurou que a maior parte das pessoas simplesmente se engana em relação aos diversos fatores que as empresas levam em conta no momento de estabelecer o preço de um produto. Os consumidores subestimam, por exemplo, o impacto da inflação sobre os custos das companhias.
Além disso, o consumidor costuma quase sempre pensar no custo físico de fabricação do produto, desconsiderando outros tipos de custo de fabricação. De acordo com Bolton, os indivíduos examinam uma camiseta, por exemplo, e não entendem como o lojista pode cobrar um preço que consideram alto por ela; ou então, avaliam um remédio, uma simples pílula, e não compreendem como pode custar tanto.
O professor de Marketing Jagmohan S. Raju observa que as empresas podem praticar o preço flexível como forma de minimizar o antagonismo em potencial do consumidor. Elas podem ser mais abertas em relação ao que fazem.
Isto não significa que não haverá preços diferentes; significa que as empresas serão mais abertas em relação às suas estratégias. Elas querem ter certeza de que seus clientes estão satisfeitos, portanto seus preços devem estar em sintonia com esse objetivo.
Muitos observadores dizem que o consumidor precisa se acostumar com a flexibilidade de preços, porque ela veio para ficar. Fader diz que as empresas, virtuais ou não, que se beneficiarão bastante da precificação dinâmica serão aquelas que fizerem experiências freqüentes com estratégias de preços cobrando sempre preços mais altos ou mais baixos de diferentes pessoas, oferecendo cupons, descontos e outros incentivos com o objetivo de avaliar qual delas tem maior impacto sobre a experiência de compra do consumidor, aumentando assim as receitas e os lucros.
Aguardo o dia em que teremos etiquetas de preços eletrônicos nas prateleiras das lojas em vez de pedaços de papel, de modo que o varejista possa mudar os preços durante o dia ou até mesmo no momento em que um consumidor qualquer estiver passando por um determinado corredor.
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