Seus clientes acham que estão
sendo explorados?
.
sala dos artigos de atendimento
.
A recente enxurrada de escândalos
corporativos
WorldCom, Enron, Adelphia
Communications, Global Crossing
pode ter abalado a confiança das pessoas nas empresas. Ainda assim é fácil
encontrar outras que afirmarão que a ganância desmedida das indústrias é um fato
incontestável. Alguns estão convencidos, por exemplo, que as empresas
farmacêuticas obtêm lucros fabulosos com medicamentos protegidos por patente,
que os preços da gasolina são exorbitantes e determinados mais pelo complô
setorial do que por forças do mercado, que os restaurantes exploram os clientes
vendendo vinho a preços exorbitantes. A difusão de tais crenças verdadeiras ou
não levaram a professora de marketing da Wharton,
Lisa Bolton, e dois pesquisadores a
imaginar se, de fato, os consumidores americanos acreditam que recebem um
tratamento justo por parte estabelecimentos freqüentados por eles, seja ao
comprar casacos de marca, seja ao comprar refeições congeladas ou aparelhos de
DVD.
Além do mais, até que ponto
chega o entendimento dos consumidores médios sobre o mercado capitalista
americano?
Os pesquisadores
Lisa Bolton,
professora com PHD em marketing da
UNIV. Wharton,
o
professora com PHD em marketing
Joseph Alba da
Univ. da Flórida
e o professor de administração
Luk Warlop da
Katholieke Universiteit,
em Leuven, descrevem os resultados de suas pesquisas em um novo trabalho:
"Consumer Perceptions of Price (Un)Fairness".
O trabalho será publicado no
Journal of Consumer Research.
Bolton conclui que há uma impressão geral de que os preços são injustos e que as
empresas não apenas as lojas, mas as companhias em geral auferem lucros muito
altos.
O estudo, diz ela, mostra uma
lacuna entre a idéia dos consumidores e a idéia dos gerentes, lacuna esta
que os gerentes devem reconhecer se quiserem dar aos consumidores a sensação
de estarem sendo tratados com justiça.
Em uma série de 10 estudos, os
autores apresentaram a 1.100 universitários vários cenários de preços. Por
exemplo, foi pedido aos entrevistados que considerassem o preço antigo de uma
camisa pólo e avaliassem se o preço atual, mais alto, era justo. Também
avaliaram o preço de meio quilo de sorvete em um supermercado e em uma loja de
conveniência. Em outras pesquisas, os participantes analisaram e avaliaram se
eram justos os preços de roupas em uma loja de departamentos e em uma loja de
descontos. Foram convidados a calcular os preços prováveis, custo das
mercadorias à venda, outros custos e lucros.
Além de avaliar as opiniões e
impressões dos participantes sobre a definição dos preços, os pesquisadores
queriam saber se as informações relativas aos custos ou vantagens das lojas
poderiam alterar a percepção dos pesquisados sobre os preços, se eram justos
ou não. Para tal, apresentaram versões diferentes da mesma pergunta, por
exemplo, incluindo uma frase do tipo, Você notou que a loja de departamentos
oferece melhor seleção, atendimento e um ambiente mais agradável?
.
Algumas perguntas faziam
referência a detalhes do comércio varejista como mão-de-obra, aluguel,
manutenção, estoque de peças da moda, administração e promoções. Diz
Bolton, “Tentamos dar a pista de vários custos; destacamos a importância da
mão-de-obra, visto que obviamente é bem grande. Realizamos uma pesquisa em
que se observavam remarcações e aluguéis custos claramente mais baixos para
ver se lembrando as pessoas de outros custos que as empresas têm, sua
percepção sobre a justiça dos preços melhoraria.
Os resultados sugerem aos
pesquisadores que os compradores realmente tendem a acreditar que os preços são
injustos. Em geral, os participantes pensam que as empresas exploram os
consumidores e obtêm lucros muito altos
(estimados aproximadamente em 30% em
toda a pesquisa). A
tendência é atribuir as diferenças de preço entre as lojas à pura ganância e
não aos custos ou escolhas de estratégia comercial.
.
Os consumidores subestimam de modo
sistemático os efeitos da inflação mesmo quando informados explicitamente sobre
os índices, preços atuais e histórico e normalmente ignoram as categorias de
custos que não sejam os das mercadorias à venda. Preços altos devidos à alta
qualidade lhes parecia justo, mas preços altos devido a outros motivos
estratégicos, tais como margem de lucro ou risco de estoque, eram considerados
menos justos.
Bolton e colegas também
constataram que essas opiniões eram bastante arraigadas, isto é, difíceis de
serem mudadas. Mesmo quando eles davam dicas nas perguntas especialmente
destinadas a relembrar ou informar os consumidores sobre os custos e
benefícios de uma loja, conseguiam somente um impacto modesto sobre as
opiniões do consumidor.
Para Bolton, os resultados da
pesquisa foram bastante surpreendentes. Começamos com a idéia de que as pessoas
poderiam achar os preços injustos, diz ela, mas a surpresa foi observar como é
difícil corrigir essas impressões. E se tratava de estudantes universitários, de
quem se esperava uma compreensão melhor das considerações sobre o mercado e os
preços tais como inflação, custos, lucros e definição de preços do que do
público em geral.
.
Para checar essas descobertas
junto a uma amostra mais ampla da população, Bolton e colegas incluíram um
estudo no qual 3.500 residentes da Flórida foram pesquisados por telefone. Os
entrevistados responderam a uma pergunta sobre lucros e preços justos de vários
tipos de lojas e produtos conhecidos.
Os pesquisadores concluíram
que as respostas eram semelhantes às dos universitários, descrevendo a
intuição dos entrevistados sobre preços como ruim, na maioria das vezes.
.
Por exemplo, os consumidores
supunham que o lucro dos supermercados era de aproximadamente 27%. (De
acordo com o fmi - Food
Marketing Institute em 2001, o lucro médio dos supermercados é cerca de
1-2%.)
.
As pessoas pesquisadas também
supunham que o preço de venda de uma roupa em lojas de departamento sofria
um aumento aproximado de 100% sobre o preço de custo (cerca de 76 dólares
para um item de 40 dólares).
.
A proposta de preço justo dos
pesquisados era de 58 dólares mais ou menos. O interessante, no entanto, é
que esse preço subia um pouco, até quase 63 dólares, quando os pesquisadores
lhes informavam sobre os custos da loja com mão-de-obra e aluguel.
Embora o conhecimento sobre os
vários custos da loja não altere muito as percepções sobre os preços, tal
conhecimento faz com que mudem um pouco, sugerindo que aí está uma área a ser
explorada por marqueteiros ousados. Bolton observa que as empresas têm idéias
criativas para informar os consumidores sobre sua estrutura de custos.
Vimos que as companhias
farmacêuticas tentaram fazer isso anunciando os altos custos com pesquisas.
Talvez existam outras abordagens por exemplo, enfatizar positivamente os
custos do atendimento ao cliente oferecido pelas lojas onde os preços são
mais altos em comparação aos praticados nas lojas de descontos.
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Contudo, tal abordagem deve
ser feita de modo sutil. Bolton afirma que muitos executivos teriam primeiro
que conquistar seu viés gerencial. Um gerente de empresa está tão
familiarizado com os itens que contribuem para a definição dos preços, que
esquece que a o consumidor não está. O que um gerente imagina ser uma
estratégia justa de custos e preços, pode não parecer assim para o
consumidor.
E é melhor também que alguns
custos sejam mantidos fora dos holofotes. Para tomar o exemplo mais óbvio, diz
Bolton, a informação sobre os bônus pagos aos altos executivos de uma empresa
com certeza não interferirá na opinião dos consumidores sobre a lisura dos
preços. E enfatizar os custos com a propaganda também parece não fazer nenhuma
diferença para os consumidores, segundo constataram os pesquisadores através
desse estudo.
É uma questão de bom senso.
Imagine, diz Bolton, se uma empresa como a
Nike divulgasse que baseia os preços dos tênis em parte na necessidade
de gastar somas astronômicas com promoção.
Outro estudo conduzido pelos
pesquisadores questiona a opinião convencional sobre a lealdade do consumidor e
o marketing de relacionamento. Esse estudo mostrou como a percepção sobre a
lisura dos preços é afetada quando um consumidor adquire vários itens ou
serviços no decorrer do tempo. De acordo com Bolton, a crença geralmente aceita
é de que as empresas podem cobrar mais de consumidores fiéis, porque eles não
são tão atentos a estes preços. Mas a pesquisa mostrou que na verdade a
classificação dada ao tratamento justo dos preços piorava de uma simples
transação para múltiplas transações.
O que parece justo em uma
única compra não parece assim quando você repete a compra muitas vezes.
Talvez com o tempo comece a ficar claro para o consumidor a quantidade de
dinheiro que a empresa está ganhando com ele.
biblioteca exclusiva da univ.
wharton
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