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Houve
um tempo em que, nas empresas, a primazia absoluta era das máquinas, e
do lucro que seu uso proporcionava, ou das rotinas e da sua eficácia.
Os seres humanos eram relegados a um plano secundário, e as teorias
organizacionais tinham como foco exclusivo a eficiência. O ambiente de
trabalho devia ser espaço exclusivo de profissionais, encarados como
recursos produtivos e não exatamente como pessoas.
É
claro que esse script nunca funcionava exatamente assim. Afinal de
contas, pessoas são pessoas. Não são máquinas nem pastas de
arquivos. São seres sujeitos a chuvas e trovoadas, simpatias e implicâncias,
humores e tensões. O convívio entre pessoas é um campo extremamente
rico e complexo, que pode determinar independentemente dos recursos técnicos
o sucesso ou o insucesso de uma empresa.
Nas
últimas décadas, especialmente na virada do milênio, empresas de
todas as áreas passam a prestar mais atenção ao ambiente de trabalho.
Esta é a mudança mais notável no campo dos Recursos Humanos em nossos
dias. Como nos
disse Peter
Drucker:
no
mundo dos negócios, cada vez mais competitivo, as empresas começaram
a almejar indivíduos inteiros, com cérebro e coração.
A
busca, às vezes insana, pela produtividade, eficácia e eficiência,
revolucionou seu paradigmas quando seu foco passou a ser a Qualidade.
Principalmente quando passou a ser relacionada ao ambiente de convívio
dos companheiros de trabalho.
Qualidade
é um estado de espírito. Se a empresa não estiver humanamente
afinada, poderá buscar os mais famosos consultores e não haverá fórmula
mágica que realmente funcione.
A qualidade de cada produto ou serviço está na qualidade de vida da
empresa. A vida com qualidade está dentro de cada um.
Por
esse motivo, os programas de Gestão
de Qualidade Total
mais adotados atualmente pelas organizações, procuram focalizar, antes
de mais nada, os detalhes do dia-a-dia, que possam influir sobre a
qualidade do ambiente. São programas que se aplicam tanto à dimensão
pessoal quanto à esfera profissional. É o caso do "5S",
por exemplo, desenvolvido no Japão, que se baseia em cinco sensos que
envolvem o todo do ser humano, inclusive seus sentimentos, e não apenas
a parte racional.
Mesmo
assim, por melhores que sejam os programas desse tipo, sabemos que não
há receitas prontas para o ser humano. Por isso a forma de aplicação
é decisiva, já que depende da troca de experiências e do
relacionamento entre as pessoas.
Recentemente,
ao fazer uma palestra em uma grande empresa, percebi que o ambiente
estava especialmente propício. As pessoas estavam animadas, alegres por
estarem ali, celebrando aquele convívio. Mostravam real interesse em
aprender e crescer, como seres humanos e como profissionais.
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Olhei
então para um folheto que estava sendo distribuído, com o título "Somar
para Multiplicar".
Era a programação do evento, que incluía além de palestras, uma série
de atividades de lazer, de saúde e culturais. Mas o que mais se
destacava no folheto era um texto sobre os "5H",
que também se inspira no citado programa "5S".
E quais são os 5 H?
Para quem ainda não conhece, são as seguintes palavras:
Humor,
Humildade, Humanidade, Harmonia e Honestidade.
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Humildade
não é sentir-se inferior, nem mostrar-se submisso: É
ter consciência das próprias limitações e, ao mesmo tempo, ter
vontade de se aprimorar. É aceitar críticas, acolher sugestões e
compartilhar com os outros o que conhece.
Humanidade
é a realização plena da natureza humana:
Envolve os sentimentos de bondade e
benevolência em relação aos semelhantes, ou de compaixão e
piedade, em relação aos desfavorecidos. É uma atitude que faz bem a
todos, e mais ainda a quem a pratica.
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Harmonia
é a capacidade de bem conviver: gerando um ambiente agradável e solidário,
com verdadeiro espírito de equipe, totalmente afinado no alcance de
objetivos comuns.
Honestidade
é a valorização da verdade e da ética em todos os relacionamentos:
pessoais, funcionais, comerciais etc.
Uma equipe de trabalho que se fundamenta também na honestidade é
mais sólida, mais confiante, mais segura e mais positiva em todas as
suas ações e atitudes.
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Por
que deixei por último o Humor?: Porque é um tema sempre presente em
minhas palestras e livros. Algo nem sempre bem compreendido mais
altamente importante, fundamental mesmo, em qualquer convívio. Sobre
esse assunto há uma frase excelente de Half Warren, professor de
Liderança:
o
humor é um atributo dos líderes nestes tempos de rápidas mudanças
e valorização do trabalho em equipe.
As
pessoas com senso de humor tendem a ser mais criativas, menos rígidas,
mais flexíveis e mais dispostas a considerar e incorporar novas idéias
e métodos. O segredo do humor é ver as coisas por um outro ângulo.
Situações que parecem sérias e difíceis tornam-se às vezes simples
de se lidar, quando vistas de modo bem humorado.
Alegria
é uma disposição mental extremamente positiva. O humor é útil até
para alavancar nosso interesse por assuntos mais sérios. Em minhas
palestras, aproveito conscientemente esse poder do humor, para ligar
os assuntos por vezes bastante profundos e complexos mantendo as
pessoas atentas e receptivas.
Quando
comecei a me interessar pela leitura, um dos principais inventivos que
me levaram ao hábito de ler livros foi a revista "Seleções",
que era muito popular na época de minha juventude. Nessa revista havia
resumos de livros de renomados escritores, e bons artigos sobre os mais
variados assuntos. Mas o que eu lia primeiro e acredito que a maioria
dos leitores tinha o mesmo costume era uma seção chamada "Rir
é o melhor remédio",
com piadinhas curtas. Só depois de ler e reler as piadas, eu encarava
os textos maiores.
Essa
expressão ficou na minha memória: "Rir
é o melhor remédio". E hoje compreendo que o ato de rir
é bom não somente para a boa convivência entre as pessoas, mas também
para a qualidade de vida. Acima de tudo, e sem dúvida nenhuma, rir
faz bem à saúde. Inclusive à saúde do ambiente de trabalho.
Mas
não basta ser engraçado para instituir o bom humor em um ambiente. Rir
da piada contada pelo chefe ou pelo colega não garante que existe bom
humor. Humor é algo bem mais profundo; depende do equilíbrio da pessoa
e do ambiente.
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Humor é estado de espírito, disposição, temperamento. Está
ligado ao ânimo de cada pessoa e também de todo o grupo. O humor do
grupo influi no humor de cada pessoa e vice-versa. Isso vale para a
população de uma cidade, ou do país, e vale também para a empresa.
Este é sentido de um velho provérbio chinês, que deixo aqui para os
leitores:.
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Quem
não sabe sorrir, não deve abrir uma loja