Pensar, criar, desenvolver, agir.
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A falta de idéias na organização é a nova ameaça do século XXI. Apostar pela criatividade dos trabalhadores é agora questão de sobrevivência. Multidão de exemplos práticos nos mostram esta necessidade.
Bill Gates conecta seu computador, lê as propostas de seus trabalhadores e lhes responde pessoalmente; a norma comum em LEIGO é que o 20 por 100 dos esforços criativos, se dediquem a imaginar idéias
desgrenhadas.
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O
presidente de Nissan Design, leva a seus trabalhadores à estréia de um filme para tirá-los de seu
bloqueio.
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Os trabalhadores de
Eastman Kodak estimulam o talento em seu
salão do humor.
Enlouqueceram
as principais
COMPANHIAS do planeta?: -
Se acredita que atrever-se a imaginar, apostar pela criatividade e gerar idéias é uma sã loucura, comece já a perder o juízo e faça que sua empresa ganhe
motivação.
Doze engenheiros abarrotados
tiraram os sapatos, afrouxaram suas gravatas e se acomodaram em doze colchonetes
numa sala a meia luz. A experiência que ia se levar a cabo só lhes exigia três coisas:
- relaxar seus músculos, visualizar o produto que fabricavam, algo aparentemente tão simples como
berços e o mais importante, atrever-se a imaginar.
Ao princípio, o tempo parecia não decorrer. O silêncio lhes apitava nos ouvidos, enquanto os olhares de relance dos mais desconfiados procuravam a justificativa no colega
ao lado, de que aquele exercício não era absurdo. No entanto, conforme as respirações se foram compassando e os olhos começaram a pesar para não voltar a abrir-se, os engenheiros se reencontraram com seus corpos inspirando, espirando, experimentando o mecanismo de tensão
a distensão.
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De alguma forma, seus corpos se estavam convertendo no produto que fabricavam. Os preconceitos
desapareceram e suas mentes começaram a voar. Depois da experiência, que durou aproximadamente duas horas, os engenheiros passaram a outra sala. Hidrocor em mãos, esforçavam-se por levar ao papel o que tinham experimentado. Cinqüenta e quatro modelos dos berços desenhados depois do exercício foram considerados viáveis.
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Reticência: - Que a aplicação de técnicas criativas como a visualização ou a expressão corporal faça milagres na hora de desenhar berços pode soar a despropósito.
O DR. David de
Prado, professor do
micat
- master Internacional de Criatividade Aplicada Total e responsável desta e outras muitas experiências similares, já está acostumado a estes pequenos prodígios. Mas, por suposto, também à reticência de muitas empresas na hora de contemplar a criatividade como um fator estratégico.
É um conceito estranho para muitos, mais próximo à magia e ao esoterismo que a conteúdos científicos explica. O desconhecimento é a tônica geral, mas nem sequer é culpa das empresas. Apesar de que a investigação neste campo é amplíssima, a criatividade não está presente nas universidades. Não se educa para inovar.
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A verdade é que, até agora, a criatividade no seio empresarial parecia estar reservada a um reduzido grupo de pessoas imaginativas
"quatro loucos" que trabalhavam num recanto fazendo não se sabe muito bem o que. Mas a falta de idéias representa uma ameaça demasiado séria como para tomar o assunto às presas.
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Conseguir a qualidade total era, até faz pouco, consignada, mas a qualidade já é só um parâmetro mais. Ter a melhor idéia, ser os primeiros em desenvolvê-la e converter a criatividade num motor de inovação contínua é agora um imperativo.
É verdade que as idéias aparecem no momento e lugar mais insuspeitos. As chispas podem surgir na mesa de trabalho, sob o água do chuveiro ou em pleno congestionamento. Tendo em conta que a lâmpada pode se acender a qualquer trabalhador, em qualquer departamento, a organização que queira submeter o processo criativo a umas leis racionais certamente o é difícil. Trata-se em abonar o terreno e de conseguir que as atitudes criativas encontrem na empresa terreno fértil para florescer.
As idéias são como as plantas
explica Mario Raich, professor do departamento de RR.HH. de
ESADE e experiente em
Business Creativity e Problem Solving. Se não se cria o clima adequado
morrem. Envolver a todos os trabalhadores é a melhor semente para ter uma boa colheita.
A absoluta igualdade de opiniões é um dos lemas de
Kao, uma inovadora empresa japonesa que começou elaborando sabões e que diversificou sua atividade para o campo da cosmética.
O clima desta e de algumas das companhias mais inovadoras do momento se recolheu em
The Light and Shadow, estudo no que participou o professor do IESE,
Pedro Nueno.
Não há mais gênios:
Em Kao, a combinação do conhecimento de todos os funcionários é mais importante do que de um gênio individual. De fato, as reuniões dos gestores sênior da companhia estão abertas a todo trabalhador que esteja interessado em assistir ou que tenha uma proposta ou idéia a contribuir.
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O desigual acesso à informação da empresa é para os responsáveis da
companhia a maior fonte de autoritarismo, daí que Kao tenha desenvolvido um completo sistema de informação aberto ao serviço da igualdade dos trabalhadores. Todos compartilham a mesma fonte de conhecimento e suas idéias jogam em igualdade de condições.
Estes sistemas em que a informação flui ao serviço dos funcionários representam um dos pilares básicos para criar um clima empresarial sem barreiras em que os trabalhadores possam sentir que suas opiniões contam. Apesar de que a planilha da sede de Microsoft em Washington não deixou de crescer nos últimos anos, a
empresa sempre tentou manter um espírito de pequena companhia.
Num ambiente de despersonalização não é provável que um trabalhador pense que sua opinião será escutada e valorizada. Por isso os trabalhadores da Microsoft adotaram o uso do correio eletrônico como uma forma de comunicação aberta e direta; qualquer empregado pode comunicar-se com Bill Gates e com outros responsáveis a respeito de questões muito variadas. Geralmente, recebem uma resposta rápida e pessoal.
A atmosfera de trabalho na Microsoft trata de ser informal, mas, ao mesmo tempo, intensa. As reuniões sobre desenvolvimento de produtos são bastante combativas, mas o confronto não se baseia na rivalidade pessoal, senão no desejo de que o produto funcione.
Não se alenta a competição, senão o desenvolvimento de talentos individuais que procurem a máxima eficiência.
Também há certa tensão criativa, esta vez entre o talento individual e o grupo, em
Psion, empresa britânica líder em fabricação de computadores portáteis. Em palavras de um de seus responsáveis:
Os americanos têm a síndrome do
rock star: O guru em sandálias no meio das coisas. Mas nós temos um coração de equipe. As pessoas mais respeitadas da empresa o são não por sua posição, senão por seus conhecimentos ou habilidades.
E todos o sabemos. Qualquer pessoa é livre de expressar suas opiniões, mas para ser escutado, primeiro, tem de demonstrar ao grupo o que
vale. Em outras companhias a tensão produz alergia e quanto faz ato de presença se faz o possível para que desapareça.
É o que ocorreu na
Nissan International Design de San Diego. Tal e como apareceu publicado em
Training & Development Digest, quando a equipe encarregada de desenhar o
todo-terreno Pathfinder se bloqueou e a falta de idéias ameaçava o projeto, o presidente da
companhia, Jerry Hirshberg, convidou a
seus cinquenta funcionários, inclusive secretárias e trabalhadores de manutenção, à
estréia de "O Silêncio dos
Cordeiros".
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Novilhos
rentáveis: - Depois de duas horas sem pensar no trabalho e com a chispeante sensação de ter feito novillos, os
funcionários voltaram a seus despachos frescos como alfaces. Hishberg declarava:
O que nossa
travessura lhe custou a Nissan foi cinquenta entradas de cinema, cinquenta cones de pipocas e cerca de cinquenta minutos adicionais de descanso à hora de almoçar. O que ganhou foi uma
manada de idéias para um produto internacional que representa centos de milhões de dólares em investimento para o
desenvolvimento.
Para muitas organizações a pequena escapada dos empregados de Nissan é, simplesmente, uma idéia sem pés nem cabeça. E esse é o problema.
Parpetuarse num estilo administrativo onde a rigidez impeça a entrada de baforadas de ar fresco é afogar qualquer vislumbre de criatividade.
As idéias desgrenhadas são uma norma rotineira na empresa de brinquedos infantis
LEGO, tal e como pôde comprovar o professor Nueno em seu estudo
"Competindo no século
XXI".
O pessoal de desenvolvimento de produto devia pensar de maneira pouco convencional; era norma rotineira que ao redor de um 20 por 100 dos esforços criativos se dedicassem às idéias desgrenhadas,
afirma.
Um diretor do departamento de desenvolvimento de produto afirmava que o
brainstorming era um sistema muito utilizado para dar com novas
idéias.
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Os desenhistas de LEGO, criadores de produto e pesquisadores de mercado passam horas observando aos meninos e jogando com eles. Conhecer seu mercado lhes obriga a isso.
No entanto, em outros casos os jogos em si, como válvula de escape, demonstraram sua eficácia à hora de estimular a criatividade das equipes de trabalho. Na
Eastman Kodak, por exemplo, os
funcionários podem tomar-se um respiro no "salão do
humor", onde têm livros, vídeos, jogos e brinquedos.
Que o talento tenha um espaço físico dentro da organização é já de por si uma mensagem bastante
clara a respeito da importância que se outorga à criatividade.
E, que ganho eu com isso?: -
Simón Majaro, professor da Cranfield School of Management e autor de
"Como gerar idéias para gerar
benefícios", crê que esta pergunta representa uma atitude perigosa dos empregados, mas não infreqüente nas organizações.
Com freqüência se crê erroneamente que a motivação significa uma recompensa monetária,
afirma. Obviamente é um incentivo interessante, mas o dinheiro não é a base dos melhores programas de sugestões que eu vi.
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Algumas vezes as melhores idéias obtêm pontos que depois são importantes à hora de avaliar ao pessoal. Isso se pode traduzir numa melhora de salário quando chegue o momento. Sem dúvida, um ângulo monetário, mas mais remoto do que estender um cheque por uma quantidade
específica.
Uma fórmula mista é a que se desenvolve em empresas como 3M. Nesta assinatura existem os chamados
espaços de livre opção:
os trabalhadores têm a oportunidade de apresentar seu projeto à companhia baseado numa nova idéia, um novo produto, serviço... O trabalhador se
compromete a oferecer um projeto viável no que tem direito a investir um 15 por 100 de seu tempo de trabalho. Uma vez finalizado e
entregue aos responsáveis, se a empresa decide explora-lo, o trabalhador passa a participar do
negócio.
Um trabalhador motivado e bem atendido é um trabalhador predisposto a gerar idéias, a imaginar, a participar... Por isso, o segredo de algumas das empresas mais inovadoras não é outro do que o cuidar de sua gente, acreditar em eles e fomentar um ambiente no que se sentam
mimados, protegidos e bem cuidados.
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A empresa francesa Michelin sempre procurou trabalhadores que queiram desenvolver uma longa carreira na mesma. A rotação e o treinamento do pessoal através de diferentes funções e países é uma parte da integração na assinatura. O desenvolvimento de potencial de cada trabalhador recebe um atendimento constante.
François Michelin afirma que os pesquisadores têm toda a liberdade para experimentar. Um deles teve a genialidade de experimentar com silica
um material agora clave, apesar de que cinquenta anos atrás as provas tinham fracassado. Isso não lhe freou em absoluto. François Michelin, em pessoa, preocupa-se de revisar os processos de inovação e de animar à gente.
Interesse passivo: - Milagros Gascón e Teresa Torres, sócias do
BASADUR
- Center for Research in Applied Creativity, com sede em Ontário
- Canadá, estão introduzindo este sistema nas empresas espanholas.
A principal dificuldade com a que nos estamos encontrando em sua implantação é que se requer uma mudança de cultura e uma priorização da formação dos trabalhadores,
apontam.
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Isto é difícil num país que investe tão pouco em formação e pouco aberto a novas idéias.
Muitos associam a criatividade com a arte e as técnicas pedagógicas e não são conscientes das vantagens que pode reportar às empresas. Há muitas assinaturas interessadas, mas depois são poucas as que se
animam.
Mas não fica muito tempo para pensar: -
A inovação será o fator estratégico dos próximos anos e o caldo de cultivo para que a criatividade floresça
e não se consegue da noite para o dia.
Os trabalhadores deixaram de ser um par de mãos.
Suas idéias são agora o motor das empresas.
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Laura Sánchez
ENTREPENEUR
EUA
Business & Small Business
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