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Se acredita que nasceu em 08 de julho de 1621,em Château-Thierry, e estudou na Universidade de Reims.
Escritor francês, produziu fábulas dentre as mais famosas dos tempos
modernos. Era um literato que freqüentava os salões das cortes entre os nobres, e dali que sempre tinha algum bem feitor que permitia a sua
dedicação à literatura. foi advogado e exerceu sua profissão, ao tempo que
compunha a sua obra poética.
Sua principal obra publicada foi uma adaptação (1654) de Eunuco, do dramaturgo romano Terencio, mas sua verdadeira fama literária a obteve especialmente com os seus Contos e Relatos em verso (1644).
Pertenceu ao destacado grupo literário-filosófico francês em que figuram os dramaturgos Molière e Racine, e o crítico e poeta Nicolas Boileau-Despréaux. Posteriormente publicou novos volumes em um dos homens de letras francesas mais eminentes da época. Em 1683 foi escolhido membro da Academia Francesa.
Suas fábulas ressaltam por sua agilidade e engenhosidade narrativa, assim pelo amplo e sutil conhecimento que o autor
tinha da vida. Seus Contos e Relatos estão inspirados no Decamerón de Giovanni Boccaccio, e outras obras anteriores, mas La Fontaine introduziu muitas mudanças próprias nestas histórias, com uma prosa e uma elaboração única.
Era um grande compilador das fábulas de Esopo, ao qual sempre lhe
dedicou grande parte do seu trabalho, o que lhe troze fama e
reconhecimento.
Assim mesmo escreveu poemas, livretos de ópera e obras de teatro como o relato romântico em verso e prosa Os Amores de Psique e Cupido (1669).
La Fontaine faleceu em 13 de abril de 1695 em Paris. Entre as
fábulas escritas muitas delas já bem conhecidas de todos, hoje
destacamos uma, que por coincidência, serve para nos chamar a atenção
no comportamento...
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A MOCHILA
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Contam que Júpiter, antigo deus dos romanos, convocou um dia a todos os animais da terra.
Quando se apresentaram lhes perguntou, um por um, se achavam que tinham algum
defeito. Assim, se tivessem ele prometia melhora-los até deixa-los satisfeitos.
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Que dizes tu, Dona Macaca? - perguntou Júpiter.
Falas à mim? - pulou a macaca - Eu? Defeitos? Me olhei no espelho e me vi esplêndida. Ao contrário
do urso, que tem menos cintura um ovo!
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Que fale o urso. - Pediu Júpiter.
Aqui estou, disse o urso, com este corpo perfeito que a natureza me deu. Sorte não ser um mole como o elefante!
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Que se apresente o elefante...
Francamente, Senhor, disse , não tenho do que me queixar, ainda nem que todos possam dizer o mesmo. Ali o tens, o avestruz, com
essas orelhas ridículas...
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Que passe a avestruz.
Por mim não se incomode, disse a ave. - Sou tão proporcionada! Ao contrário
da girafa, com esse pescoço...
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Júpiter chamou a girafa, que por sua vez disse que os deuses tinham sido
generosos com ela.
- Graças a minha altura vejo as paisagens da terra e do céu, não como a tartaruga que só vê os cascos.
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A tartaruga por sua vez, disse ter um físico excepcional.
- Minha carapaça é um refugio ideal. Quando penso na cobra, que tem que viver ao ar livre...
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Que fale a víbora
- disse Júpiter, já cansado.
Chegou se arrastando e falou com a língua ferina:
- Por sorte sou lisinha, não como o sapo que é cheio de verrugas.
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Basta! - exclamou Júpiter - Só falta que um animal cego como a toupeira critique os olhos da águia.
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Precisamente, começou a toupeira, queria dizer duas palavras: - A águia tem boa visão mas, não é horrível seu pescoço pelado?
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Isto é o cúmulo!, disse Júpiter, dando por terminada a reunião. - Todos se acham perfeitos e pensam que os que devem mudar são os outros.
Sim, nos acontece seguidamente. -
Só temos olhos para os defeitos alheios e levamos os próprios bem ocultos, em uma mochila nas costas.
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Antes de apontar os erros do
próximo,
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melhor primeiro ajuda-los a melhorar a sua situação.
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JEAN
DE LA FONTAINE
08.07.1621
- 13.04.1965
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