Perturbadores
ou Alucinógenos Sintéticos são substâncias fabricadas (sintetizadas)
em laboratório, não sendo, portanto, de origem natural, e que são
capazes de promover alucinações no ser humano. Vale a pena recordar
um pouco o significado de alucinação: "é uma percepção sem objeto".
Isto significa
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pequeníssima
quantidade de pó num descuido de laboratório. Eis o que ele descreveu. "Os
objetos e o aspecto dos meus colegas de laboratório pareciam sofrer mudanças
ópticos. Não conseguindo me concentrar em meu trabalho, num estado de sonambolismo,
fui para casa, onde uma vontade irresistível de me deitar apoderou-se de
mim. Fechei as cortinas do quarto e imediatamente caí em um estado mental
peculiar, semelhante à embriaguez, mas caracterizado por imaginação exagerada.
Com os olhos fechados, figuras fantásticas de extraordinária plasticidade
e coloração surgiram diante de meus olhos." O seu relato detalhado das experiências
alucinatórias levou a uma intensa pesquisa desta classe de substâncias,
culminando, nas décadas de 50 e 60, no seu uso psiquiátrico, embora com
resultados pouco satisfatórios.
O MDMA (MetilenoDioxoMetAnfetamina), conhecido popularmente como ÊXTASE
foi sintetizado e patenteado por Merck em 1914, inicialmente como moderador
de apetite. É uma droga de uso relativamente recente e esporádico no Brasil.
Além de seu efeito alucinógeno, caracterizado por alterações na percepção
do tempo, diminuição da sensação de medo, ataques de pânico, psicoses e
alucinações visuais, provoca efeitos estimulantes como o aumento da freqüência
cardíaca, da pressão arterial, boca seca, náusea, sudorose e euforia. Em
resumo o MDMA é a droga que, além de produzir alucinações, pode também produzir
um estado de excitação, o que é duplamente perigoso. Dado que este produto
é ainda pouco usado no nosso meio (e seus efeitos psíquicos não diferem
muito dos do LSD) ele não mais será mencionado neste folhetim.
Efeitos no cérebro
O LSD-25 atua produzindo uma série de distorções no funcionamento do cérebro,
trazendo como conseqüência uma variada gama de alterações psíquicas. A experiência
subjetiva com o LSD-25 e outros alucinógenos depende da personalidade do
usuário, suas expectativas quanto ao uso da droga e o ambiente onde ela
é ingerida. Enquanto alguns indivíduos experimentam um estado de excitação
e atividade, outros tornam-se quietos e passivos. Sentimentos de euforia
e excitação ("boa viagem") alternam-se com episódios de depressão, ilusões
assustadoras e sensação de pânico ("má viagem"; bode). LSD-25 é capaz de
produzir distorções na percepção do ambiente - cores, formas e contornos
alterados - além de sinestesias, ou seja, estímulos olfativos e táteis parecem
visíveis e cores podem ser ouvidas.
Outro aspecto que caracteriza a ação do LSD-25 no cérebro refere-se aos
delírios. Estes são o que chamamos: "juízos falsos da realidade", isto é,
há uma realidade, um fato qualquer, mas a pessoa delirante não é capaz de
avaliá-la corretamente. Os delírios causados pelo LSD costumam ser de natureza
persecutória ou de grandiosidade.
Efeitos no resto do organismo
O LSD-25 tem poucos efeitos no resto do corpo. Logo de início, 10 a 20 minutos
após tomá-lo, o pulso pode ficar mais rápido, as pupilas podem ficar dilatadas,
além de ocorrer sudoração e a pessoa sentir-se com uma certa excitação.
Muito raramente tem sido descritos casos de convulsão. Mesmo doses muitos
grandes do LSD não chegam a intoxicar seriamente uma pessoa, do ponto de
vista físico.
Efeitos
tóxicos
O perigo do LSD-25 não está tanto na sua toxicidade para o organismo mas
sim no fato de que, pela perturbação psíquica, há perda da habilidade de
perceber e avaliar situações comuns de perigo. Isto ocorre, por exemplo,
quando a pessoa com delírio de grandiosidade julga-se com capacidades ou
forças extraordinárias, sendo capaz de, por exemplo: voar, atirando-se de
janelas; com força mental suficiente para parar um carro numa estrada, ficando
na frente do mesmo; andar sobre as águas, avançando mar a dentro.
Há também descrições de casos de comportamento violento, gerado principalmente
por delírios persecutórios como, por exemplo: o drogado atacar dois amigos
(ou até pessoas estranhas) por julgar que ambos estão tramando contra ele.
Ainda no campo dos efeitos tóxicos, há também descrições de pessoas que
após tomarem o LSD-25 passaram a apresentar por longos períodos (o maior
que se conhece é de dois anos) de ansiedade muito grande, depressão ou mesmo
acessos psicóticos. O flashback é uma variante deste efeito a longo prazo:
semanas ou até meses após uma experiência com LSD, a pessoa repentinamente
passa a ter todos os sintomas psíquicos daquela experiência anterior e isto
sem ter tomado de novo a droga. O flashback é geralmente uma vivência psíquica
muito dolorosa pois a pessoa não estava procurando ou esperando ter aqueles
sintomas, e assim os mesmos acabam por aparecer em momentos bastante impróprios,
sem que ela saiba porque, podendo até pensar que está ficando louca.
Aspectos gerais
O fenômeno da tolerância desenvolve-se muito rapidamente com o LSD-25; mas
também há desaparecimento rápido da mesma com o parar do uso. O LSD-25 não
leva comumente a estados de dependência e não há descrição de síndrome de
abstinência se um usador crônico cessa o uso da droga. Todavia, o LSD-25,
assim como outras drogas alucinógenas, pode provocar dependência psíquica
ou psicológica, uma vez que a pessoa que habitualmente faz uso destas substâncias
como "remédio para todos os males da vida", acaba por se alienar da realidade
do dia-a-dia, aprisionando-se na ilusão do "paraíso na Terra".
Situação no Brasil
Esporadicamente sabe-se do uso de LSD-25 no Brasil, principalmente por pessoas
das classes mais favorecidas do país. Embora raramente, a polícia apreende,
vez por outra, partidas das drogas trazidas do Exterior. O Ministério da
Saúde do Brasil não reconhece nenhum uso do LSD-25 (e de outros alucinógenos)
e proíbe totalmente a produção, comércio e uso do mesmo no território nacional.
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