Existem
medicamentos que têm a propriedade de atuar quase que exclusivamente
sobre a ansiedade e tensão. Estas drogas foram chamadas de tranqüilizantes,
por tranqüilizar a pessoa estressada, tensa e ansiosa. Atualmente,
prefere-se designar estes tipos de medicamentos pelo nome de ansiolíticos,
ou seja, que "destroem" (lise) a ansiedade. De fato, este é o principal
efeito terapêutico destes medicamentos: diminuir ou abolir a ansiedade
das pessoas, sem afetar em demasia as funções psíquicas e motoras.
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clordizepóxido
que também é um benzodiazepínico. Por outro lado estas substâncias são comercializadas
pelos laboratórios farmacêuticos com diferentes nomes de "fantasia", existindo
assim dezenas de remédios com nomes diferentes: Noan®, Valium®, Aniolax®,
Calmociteno®, Dienpax®, Psicosedin®, Frontal®, Frisium®, Kiatrium®, Lexotan®,
Lorax® Urbanil®, Somalium® etc., são apenas alguns dos nomes. Efeitos
no cérebro Todos os benzodiazepínicos são capazes de estimular os mecanismos
no nosso cérebro que normalmente combatem estados de tensão e ansiedade.
Assim, quando, devido às tensões do dia-a-dia ou por causas mais sérias,
determinadas áreas do nosso cérebro funcionam exageradamente resultando
num estado de ansiedade, os benzodiazepínicos exercem um efeito contrário,
isto é, inibem os mecanismos que estavam hiperfuncionantes e a pessoa fica
mais tranqüila como que desligada do meio ambiente e dos estímulos externos.
Como conseqüência desta ação os ansiolíticos produzem uma depressão da atividade
do nosso cérebro que se caracteriza por:
1) diminuição de ansiedade;
2) indução de sono;
3) relaxamento muscular;
4) redução do estado de alerta.
É importante notar que estes efeitos dos ansiolíticos benzodiazepínicos
são grandemente alimentados pelo álcool, e a mistura álcool + estas drogas
pode levar uma pessoa ao estado de coma. Além desses efeitos principais
os ansiolíticos dificultam os processos de aprendizagem e memória, o que
é, evidentemente, bastante prejudicial para as pessoas que habitualmente
utilizam-se destas drogas.Finalmente, é importante ainda lembrar que estas
drogas também prejudicam em parte nossas funções psicomotoras, prejudicando
atividades como dirigir automóveis, aumentando a probabilidade de acidentes.
Efeitos no resto do corpo
Os benzodiazepínicos são drogas muito específicas em seu modo de agir: têm
predileção quase que exclusiva pelo cérebro. Desta maneira, nas doses terapêuticas
não produzem efeitos dignos de nota sobre os nossos vários outros órgãos.
Efeitos tóxicos
Do ponto de vista orgânico ou físico os benzodiazepínicos são drogas bastante
seguras, pois são necessárias grandes doses (20 a 40 vezes mais altas que
as habituais) para trazer efeitos mais graves: a pessoa fica com hipotonia
muscular ("mole"), dificuldade grande para ficar de pé e andar, a pressão
do sangue cai bastante e pode desmaiar. Mas mesmo assim a pessoa dificilmente
chega a entrar em coma e a morrer. Entretanto, a situação muda muito de
figura se a pessoa, além de ter tomado o benzodiazepínico, também ingeriu
bebida alcoólica. Nestes casos a intoxicação torna-se séria, pois há grande
diminuição da atividade do cérebro podendo levar ao estado de coma. Outro
aspecto importante quanto aos efeitos tóxicos refere-se ao uso por mulheres
grávidas. Suspeita-se que estas drogas tenham um poder teratogênico razoável,
isto é, que possam produzir lesões ou defeitos físicos na criança por nascer.
Aspectos gerais
Os benzodiazepínicos quando usados por alguns meses seguidos podem levar
as pessoas a um estado de dependência. Como conseqüência, sem a droga o
dependente passa a sentir muita irritabilidade, insônia excessiva, sudoração,
dor pelo corpo todo podendo, nos casos extremos, apresentar convulsões.
Se a dose tomada já é grande desde o início a dependência ocorre mais rapidamente
ainda. Há também desenvolvimento de tolerância, embora esta não seja muito
acentuada, isto é, a pessoa acostumada à droga não precisa aumentar a dose
para obter o efeito inicial.
Situação no Brasil
Conforme já foi dito existem muitas dezenas de remédios no Brasil à base
dos ansiolíticos benzodiazepínicos. Até recentemente era comum os médicos
chamados de obesologistas (que tratam das pessoas obesas para emagrecerem)
colocarem nas receitas estes benzodiazepínicos para tirar o "nervoso" produzido
pelas drogas que tiram o apetite (ver o nosso folhetim intitulado "Anfetaminas").
Atualmente a legislação não permite essa mistura. Além disso, há um verdadeiro
abuso por parte dos laboratórios nas indicações destes medicamentos para
todos os tipos de ansiedades, mesmo aquelas que são normais, isto é, causadas
pelas tensões da vida cotidiana. Assim, certas propagandas mostram uma mulher
com um largo sorriso, feliz, pois tomou certo remédio que corrigiu a ansiedade
gerada pelos três bilhetes recebidos: um do marido, avisando que chegará
tarde para o jantar; outro do filho, que afirma que chegará com o time de
basquete para um lanche; e o terceiro da empregada, que avisa que faltou
pois foi ao INAMPS. Ainda existem exemplos de indicação dos benzodiazepínicos
para as moças sorrirem mais (pois a tensão evita o riso), ou para evitarem
as rugas, que envelhecem (pois a ansiedade faz as pessoas franzirem a testa,
criando rugas). Não é, portanto, surpreendente que, em um levantamento sobre
o uso não médico de drogas psicotrópicas por estudantes em dez capitais
brasileiras, em 1997, os ansiolíticos estivessem em terceiro lugar na preferência
geral, sendo esse uso muito mais intenso nas meninas do que nos meninos.
Os benzodiazepínicos são controlados pelo Ministério da Saúde, isto é, a
farmácia só pode vendê-los mediante receita especial do médico, que fica
retida para posterior controle, o que nem sempre acontece.
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