Efeitos
no cérebro
O cérebro humano possui uma certa área - a chamada Centro da Tosse - que
comanda os nossos acessos de tosse. Isto é, toda vez que ele é estimulado
há a emissão de uma "ordem" para que a pessoa tussa. Existem drogas (codeína,
zipeprol), que são capazes de inibir ou bloquear este centro da tosse; assim,
mesmo que haja um estímulo para ativá-lo, o centro estando bloqueado pela
droga não reage, isto é, não dá mais a "ordem" para a pessoa tossir; ou
seja, a tosse que vinha ocorrendo deixa de existir. Mas a codeína e o zipeprol
agem em mais regiões no cérebro. Assim, outros centros que comandam as funções
de nossos órgãos são também inibidos; com a codeína, a pessoa sente menos
dor (ela é um bom analgésico), pode ficar sonolenta, a pressão do sangue,
o número de batimentos do coração e a respiração podem ficar diminuídas.
O zipeprol pode atuar no nosso cérebro, fazendo a pessoa sentir-se meio
aérea, flutuando, sonolenta, vendo ou sentindo coisas diferentes. E com
freqüência leva também a acessos de convulsão, o que é obviamente bastante
perigoso.
Efeitos no resto do corpo
A codeína possui os vários efeitos das drogas do tipo opiáceas. Assim, é
capaz de dilatar a pupila ("menina dos olhos"), de dar uma sensação de má
digestão e produzir prisão de ventre. O zipeprol, além da possibilidade
de produzir convulsões, já discutida, pode também produzir náuseas.
Efeitos tóxicos
A codeína quando tomada em doses maiores do que a terapêutica produz uma
acentuada depressão das funções cerebrais. Como conseqüência a pessoa fica
apática, a pressão do sangue cai muito, o coração funciona com grande lentidão
e a respiração torna-se muito fraca. Como conseqüência a pele fica fria
(a temperatura do corpo diminui) e meio azulada ("cianose") por respiração
insuficiente. Pode a pessoa ficar em estado de coma, inconsciente, e se
não for tratada pode morrer. Por exemplo, num Pronto-Socorro na cidade de
São Paulo, num período de 10 meses, 17 crianças de 20 dias até 2 anos de
idade foram tratadas por intoxicação por causa de xaropes ou gotas para
tosse tomadas em excesso (Setux, Belpar, Belacodid, Espasmoplus). Todas
estas crianças apresentavam dificuldade respiratória, a pele estava fria
e meio azulada, as pupilas contraídas; mal conseguiam chorar e não tinham
forças para mamar. Em outro Hospital estavam internados 9 jovens devido
a abuso de produtos à base de zipeprol; destes 6 já tinham tido convulsões.
Aspectos gerais
A codeína leva rapidamente o organismo a um estado de tolerância. Isto significa
que a pessoa que vem tomando xarope à base de codeína, como "vício", acaba
por aumentar cada vez mais a dose diária. Assim, não é incomum saber-se
de casos de pessoas que tomam vários vidros de xaropes ou de gotas para
continuar sentindo os mesmos efeitos. E se elas deixam de tomar a droga,
estando já dependentes, aparecem sintomas da chamada síndrome de abstinência.
Calafrios, câimbras, cólicas, nariz escorrendo, lacrimejando, inquietação,
irritabilidade e insônia são os sintomas mais comuns da abstinência. Com
o zipeprol há também o fenômeno da tolerância embora em intensidade menor.O
pior aspecto do uso crônico (repetido) dos produtos à base do zipeprol é
a possibilidade de ocorrência de convulsões.
Situação
no Brasil
Os xaropes e gotas à base de codeína só podem ser vendidos nas farmácias
brasileiras com a apresentação da receita do médico, que fica retida nas
farmácias para posterior controle. Infelizmente isto nem sempre acontece
pois há farmácias desonestas que, para ganhar mais dinheiro, vendem estas
substâncias por "baixo do pano". Mas os seus proprietários podem ser punidos
caso sejam descobertos. Os remédios à base de zipeprol foram banidos, isto
é, não existe mais para a venda. Isto ocorreu pelo fato de que houve várias
mortes de jovens que abusaram destas substâncias, principalmente crianças
de rua.
Voltar para o Topo